Quando éramos crianças, a palavra bric era sinônimo de coisa sem valor. Ainda é, mas não tanto quanto outrora (e bota outrora nisso). Hoje em dia há lojas que fazem questã de apelar para essa palavra ou sua similar brique. Na antiga revista O Cruzeiro, que circulou de1928 até os anos 1980, havia uma seção de notas curiosas intitulada Do Bric a Brac da vida. Sem falar das bricolagens da vida.
Pois agora BRIC é sinônimo de emergência e rebeldia, sigla formada originalmente pela associação do Brasil, Rússia, Índia e China; mais recentemente, entrou para a sigla o S da South África. As cinco já representam 20% do PIB mundial.
Pois na VI Cúpula de Fortaleza, entre 14 e 17 de julho de 2014, os cinco formaram o NBD, Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, com capital inicial de US$ 50 bilhões e com aumento já previsto para US$ 100 bilhões no início das operações. E também criaram o Arranjo de Contingente de Reservas (“Contingent Reserve Arrangement, CRA), um fundo com recursos de US 100 bilhões, para auxiliar os países membros em ocasionais crises financeiras. Pena que a Argentina não esteja no grupo. Bem que a presidenta Cristina Kirchner se agradaria de um empréstimo emergencial.
Os atuais líderes dos países do BRICS decidiram também que essas novas operações terão sede em Xangai, na China, com o primeiro departamento regional já definido para Joanesburgo, na África do Sul, a presidência será da Índia e o Conselho de Administração será presidido pelo Brasil. Também foram criados vários grupos de trabalho que farão com que os países de conheçam melhor.
Quem diria que a sigla representativa de um certo inconformismo com os imperialismos vigentes se tornaria um grupo político capaz de tomar o lugar que foi outrora do Terceiro Mundo na ordem do poder mundial. O Terceiro Mundo era um saco de gatos pobres perdido entre o Primeiro Mundo capitalista e o Bloco Comunista. O BRICS é bem maior.
Pode ser que o barco do BRICS faça água ali adiante, mas esta é a primeira grande organização global que surge desde a queda do Muro de Berlim em 1989. Que sirva ao bem geral das nações e à felicidade de seus povos. Bem somados, eles representam entre 40% e 50% da população mundial.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“Ao recordar, não existe ninguém que não se encontre consigo mesmo”
Jorge Luis Borges, escritor argentino (1899-1986)