Sexta, 29 Março 2024

Os 'bundões' estão na vez

A redução de 95% no número de manifestantes em apoio a Bolsonaro nesse domingo (25) em Vitória e Vila Velha, que caiu de 20 mil para apenas mil, gera pelo menos um pouco de alívio diante da constatação que tem muita gente tirando a venda dos olhos. 


A se confirmarem as declarações proféticas do filho presidencial, Eduardo, o "zerotrês", para o qual é possível a queda do pai, que seria substituído por um "bundão", como colocou em redes sociais, já dá para vislumbrar uma entrada de ar, mesmo que pequena, no ambiente sufocante em que a população foi colocada, no curto período de oito meses da posse do novo governo, que de novo não tem nada.  


Como a situação está caótica e o país de ponta-cabeça, que venha o "bundão", pois é difícil, para não dizer impossível, que haja um governante tão despreparado como o atual, como demonstram as taxas de rejeição divulgadas nesta segunda-feira (26) na pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).  


Na avaliação pessoal do presidente, a aprovação recuou de 57,5% para  41%, e a desaprovação foi de 28,2% para 53,7% entre fevereiro e agosto. A avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro saltou de 19% em fevereiro para 39,5% este mês. A avaliação positiva caiu de 38,9% para 29,4% no mesmo período de tempo. 


O recuo de aliados peso-pesados pôde ser visto, também, no encontro do Consócio de Governadores do Sul e Sudeste (Cosud), encerrado no último sábado (24), em Vitória. O governador paulista, João Doria (PSDB), que pretende de todo modo se desvencilhar de Bolsonaro, a quem espera  suceder em 2022, o alfinetou de várias maneiras em suas declarações. 


A expectativa em torno do fim da Era Bolsonaro e o "bundão" que o substituirá, na linguagem do "zerotrês", é ainda tema de comentários em setores da imprensa e nas redes sociais, com maior intensidade em decorrência da crise provocada pelo tom de descaso no tratamento das queimadas na Amazônia. 



As medidas do governo só foram adotadas, nesse caso, para cessar a repercussão negativa internacionalmente, que ainda pode gerar enormes prejuízos à economia. Como se isso não bastasse, o presidente partiu para arrumar uma briga pessoal com o presidente da França, Emanuel Macron, prosseguindo em sua bravata fincada na tese “nós contra eles”. 


Os manifestantes desse domingo pediram veto total à Lei de Abuso de Autoridade, defenderam o ministro da Justiça, Sergio Moro, e a Operação Lava Jato, além de externarem apoio ao presidente da República. Tudo dentro da normalidade democrática, ao contrário da postura autoritária do presidente da República e de seus filhos, cuja participação inoportuna no governo alcança as raias do inusitado.


Significa que a roda está andando e a derrocada do "bolsonarismo" parece próxima, pelo menos no círculo do poder central. No entanto, a chaga do autoritarismo e da violência, cada vez mais arraigada na população, vítima da gigantesca desigualdade social, sempre mantém canais abertos para o aparecimento oportunistas, os tais "bundões".  


E depois deles, em 2022, a perspectiva é escura, a considerar os pré-candidatos mais incensados pela mídia liberal conservadora. Além de João Doria, fazem pare desse time o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e, pasmem, o Luciano Huck, apresentador de um programa assistencialista na TV. De quebra, o ex-herói nacional Sergio Moro, que ainda conta com meia dúzia de apoiadores, como demonstrado no último domingo pelo país afora. 

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