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Os (in)sustentáveis Marko e Molina

Se alguém quiser fazer uma pesquisa rápida sobre como se posicionam os cientistas em relação às mudanças climáticas, basta digitar nos sites de busca tipo Google os nomes de Istvan Marko e Mario Molina. Eles são os porta-vozes dos polos extremos dessa polêmica que cobre, como neblina, as parcas comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, 42 anos depois da primeira Conferência Mundial do Desenvolvimento e do Meio Ambiente, cuja dualidade foi posteriormente resumida pela palavra sustentabilidade, cada vez mais presente em nosso cotidiano.
 
Molina, professor na Universidade da Califórnia, garante que as emissões de carbono estão tornando o clima imprevisível e sujeito não apenas a chuvas e trovoadas, como se dizia nos prognósticos de outrora, mas a secas, nevascas, incêndios florestais e ciclones.
 
Marko, professor na Bélgica, coordenou um livro de 2013 em que vários cientistas afirmam que “não é bem assim”, ou seja, as mudanças climáticas seriam fenômenos cíclicos de longuíssimo prazo que nada teriam a ver com as emissões geradas pela civilização humana.
 
Basicamente, essas duas posições resumem o debate que vem se travando nos últimos 20 anos. Hoje a ONU leva o problema muito a sério, tanto que mantém o IPCC (Fórum Internacional sobre Mudanças do Clima), mas alguns governos deixam o assunto em banho-maria, seja porque não têm recursos para tomar as medidas saneadoras, seja porque não querem onerar as empresas exigindo medidas corretivas.  
 
Olhando de fora, alguém pode achar igualmente verossímeis os argumentos de ambos os lados. O professor Mario Molina, que recebeu o Prêmio Nobel por ter descoberto a camada de ozônio, não pode ser considerado leviano ou alarmista. Segundo ele, os gases-estufa ficarão na atmosfera por mais de uma geração e, por isso, é preciso tomar ações urgentes para reduzir as emissões de carbono. Para Molina, 97% da comunidade científica estão certas da influência do homem sobre o clima na Terra, mas faltam informações básicas para a sociedade entender como é grave o momento atual.
 
Já o doutor Istvan Marko, que preside a European Chemical Society, afirma que o IPCC não é um órgão científico, mas político, que dá mais guarida a ambientalistas do que a cientistas apolíticos e imparciais. Além disso, o IPCC teria a simpatia da mídia.
 
Segundo Marko, o CO2 não aumentou em função das emissões de combustíveis fósseis desde 1750; a elevação da temperatura média global no último meio século não foi atípica em relação aos últimos 1 300 anos; e o CO2 proveniente de combustíveis fósseis não contribui significativamente para o aumento da temperatura desde a metade do século XX.
 
E mais, diz Marko: a teoria do “aquecimento global causado pelo homem” se baseia em modelos ou simulações fundadas em hipóteses e aproximações. Segundo ele, seria preciso levar em consideração outros dados (como a atividade do sol, dos vulcões, das correntes oceânicas, por exemplo) que influenciam o clima.
 
No final de sua argumentação, Marko e seus companheiros da Sociedade Química Europeia defendem as empresas apontadas como responsáveis pela poluição ambiental “Os encarregados de tomar decisões econômicas e financeiras tiveram de adaptar suas políticas às imposições da luta contra o aquecimento global, em prejuízo de sua produtividade e competitividade”, dizem eles em seu livro.
 
Em outras palavras, não há cientistas imparciais ou isentos.
 
LEMBRETE DE OCASIÃO
 
“Nossa engenharia costuma procurar adaptar o ambiente à tecnologia, em vez de acomodar a tecnologia ao ambiente.”
José Lutzenberger (1926-2002), em 1971

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