Terça, 14 Mai 2024

Partido ou poder II

No fim de semana passado, a coluna observou a problemática do enfraquecimento dos partidos diante das políticas de coalizão, que acontecem em nível nacional, e de unanimidade, que acontece no Espírito Santo. Coincidentemente, na segunda-feira (20), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, em uma palestra para estudantes de Direito abordou o assunto.



Evidentemente, a posição de Barbosa traz problemas para a relação entre os poderes. Embora muito pertinente, o discurso não deveria partir do presidente da Suprema Corte. Tirando esse porém, o assunto é delicado porque atinge em cheio a classe política, que deve ter vestido a carapuça.



Nacionalmente, a coalizão se abala com integrantes da base governista e aliados históricos do PT ensaiando enfrentamento eleitoral. A candidatura de Eduardo Campos, porém, esbarra em um problema. Como vai o PSB apresentar-se como alternativa para o País, tendo feito parte do projeto petista que vigora há mais de uma década? Por que esse projeto deixou de ser interessante para o partido e o que os socialistas vão apresentar de diferente do que está colocado hoje?



No Espírito Santo a situação é diferente porque o projeto político é hegemônico, ultrapassando os limites da coalizão. Estabeleceu-se uma unanimidade criada com um forte controle político e institucional, que diminuiu o poder de negociação partidária, dando lugar à barganha com as lideranças e uma ideologia maniqueísta, que colocou todos aqueles que não se alinham com o projeto hegemônico no rol do crime organizado.



Sem ter os mesmos mecanismos de atuação, o governador Renato Casagrande encontra dificuldades em manter unida essa enorme base política. Mas diante do enfraquecimento da unanimidade, os partidos parecem perdido a mão da prática partidária.



Basta ver as sucessivas discussões internas, discussões acaloradas, que expiram pelas paredes das Executivas. Esses embates, vale lembrar, não passam nem perto de adequar seus programas ideológicos aos palanques oferecidos, muito pelo contrário, tem relação apenas com a tentativa a todo custo de manter um sistema político que em nada acrescentou para a população capixaba em termos de melhoria das condições de vida.



O que importa é organizar a tal fila. E tem fila para tudo, seja na majoritária quanto na proporcional. Barbosa, talvez, não devesse ter comentado o assunto por conta do posto que assume no Supremo, mas o enfraquecimento dos partidos é cada vez mais evidente. A acomodação partidária não reflete mais o interesse por uma determinada causa, e sim uma necessidade política para a disputa.



Em meio às discussões sobre o pleito do próximo ano, as alianças, a matemática complicada das coligações e pernas, talvez fosse o momento de as lideranças se atentarem para o significado das letras que compõem as siglas e entender o que eles devem defender nas mesas de negociações.

 

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