Terça, 14 Mai 2024

PH não dá ponto sem nó

Como diz o ditado, Paulo Hartung (PMDB) "não dá ponto sem nó". Na entrevista publicada nesta segunda-feira (27) pelo Folha Vitória, o ex-governador disse, entre outras coisas, que o senador Ricardo Ferraço era seu candidato nas eleições de 2010 ao governo do Estado, mas as circunstâncias acabaram inviabilizando o nome do peemedebista. Resultado. Para fazer o “processo fluir”, foi obrigado a apoiar o então candidato do PSB, Renato Casagrande. 
 
Depois de reconhecer que Ricardo ficou com crédito em 2010, que pode ser devolvido em 2014, ele enalteceu o altruísmo do hoje senador, que abriu mão de disputar o governo em nome do projeto de Hartung. “Era um dos pré-candidatos em 2010 e teve um gesto de desprendimento que é raro na política do nosso país”, elogiou.
 
Sem parar de encher a bola do senador, o ex-governador destacou que Ricardo se elegeu com maior votação que um homem público já teve. “Está realizando um mandato de senador exemplar. É a maior liderança do partido e precisa participar desse debate”, disse se referindo às eleições de 2014. 
 
Imaginem a satisfação de Theodorico Ferraço (DEM) ao ler a entrevista na manhã desta segunda (27). Deve ter pensando com seus botões: “Finalmente Hartung fez justiça com o meu filho”. 
 
Na mesma hora em que Ferraço devia estar se deliciando com a entrevista, a Comissão de Infraestrutura da Assembleia, presidida pelo deputado Marcelo Santos (PMDB), ouvia o diretor de Obras Especiais do Departamento de Estradas e Rodagens do Estado do Espírito Santo (DER- ES), Eduardo Antônio Mannato Gimenes. O engenheiro concordou em prestar esclarecimentos sobre o “posto fantasma” de Mimoso do Sul - obra que custou R$ 25 milhões, mas que não saiu da fase de terraplanagem. Um verdadeiro mistério.
 
Em resumo, Mannato disse que cumpriu determinações do então governador Paulo Hartung e do secretário de Fazenda José Teófilo. Ele confirmou que a obra foi iniciada em 2005 e, em 2009, o posto foi extinto por ordem do Executivo. Para o bom entendedor, Mannato deixou claro que se houve erro, foi no andar de cima. 
 
É louvável o esforço da Comissão de Infraestrutura em tentar esclarecer um enigma dessa monta, capaz de fazer “desaparecer” R$ 25 milhões sem deixar rastro. Um escândalo que deveria ser digno de uma CPI. O problema é que as 10 assinaturas necessárias para instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito não brotam no chão inóspito da Assembleia. Apesar do esforço de três ou quatro parlamentares, a ideia da CPI não avançou. Poucos deputados têm coragem de mexer com o ex-governador em véspera de ano eleitoral. 
 
O plano B dos deputados Marcelo Santos e Euclério Sampaio (PDT) – este último esteve in loco tentando encontrar um único tijolo na obra que fosse capaz de contar o paradeiro dos outros – foi tentar decifrar o enigma por meio da Comissão de Infraestrutura da Assembleia. Louvável, mas improvável.
 
Apesar da boa-vontade dos parlamentares, a comissão não tem força nem autonomia para mergulhar mais fundo no mistério. Procurando alternativas para avançar, os deputados pediram uma auditoria para vasculhar o sumiço dos R$ 25 milhões.
 
Detalhe: o pedido para a contratação da auditoria tem de passar pelas mãos de Ferraço. O presidente da Assembleia, desde que começaram a circular na Casa rumores de uma CPI, já mostrou que é avesso a ideia. 
 
O momento não poderia ser mais inoportuno para mexer com Hartung, principalmente agora que o ex-governador rasga elogios ao filho dele e o eleva à condição de maior liderança do partido do momento. Será que Ferraço-pai seria favorável a uma auditoria que poderia desvelar o enigma do “posto fantasma” que, inexoravelmente, chegaria a Paulo Hartung? 

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