Sexta, 03 Mai 2024

Preferência pelos 'fichas sujas'

Nas próximas quinta e sexta-feiras (31 e 1), duas instituições capixabas farão importantes escolhas. A Assembleia Legislativa, na sexta, deve reeleger Theodorico Ferraço (DEM) presidente da Casa, apesar de o deputado responder a inúmeros processos na Justiça e ter sido recentemente indiciado nas investigações que desvelaram um esquema de corrupção com a consultoria CMS em pelo menos oito municípios capixabas. Entre os municípios investigados pela Operação Derrama está Itapemirim, cidade que era administrada nos últimos oito anos pela mulher do presidente da Assembleia, Norma Ayub (DEM), que permanecia presa até o último sábado (26).

 
Na quinta (31), a seccional Espírito Santo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), junto com 81 conselheiros, que representam os 26 estados e o Distrito Federal, também elege seu presidente. A opção, pasmem, é  por um candidato "ficha suja". O presidente da instituição no Estado, Homero Mafra, já manifestou seu voto para Marcus Vinicius Furtado Coêlho.
 
 
O candidato piauiense, segundo matéria do jornal Folha de S. Paulo, publicada no último dia 24, é réu em processo por improbidade administrativa. O postulante a presidir a Ordem nacional é acusado de ter recebido R$ 42,3 mil do município de Antonio Almeida (400 km de Teresina - Piauí) para prestar serviços à prefeitura. O problema é que Coêlho nunca executou os serviços advocatícios para administração pública, e sim particularmente para o então prefeito.
 
Tanto Ferraço quanto Furtado Coêlho alegam que as acusações têm motivação política. A estratégia é reduzir a materialidade das provas em pecuinhas e perseguições inconsequentes de adversários. 
 
O que mais espanta nesses dois casos não é propriamente a tentativa dos candidatos de tentarem convencer "seus eleitores" de que são inocentes, mas a complacência dos que estão dispostos a elegê-los, mesmo diante de evidências. 
 
No caso de Ferraço, um dos deputados, na ânsia de justificar seu apoio ao deputado do DEM, chegou a dizer que o presidente da Casa não foi indiciado, demonstrando ignorância sobre os fatos ou má intenção mesmo, uma vez que é notório que o deputado foi indiciado. Outros parlamentares também saíram em defesa do colega, deixando claro que o corporativismo está acima de compromissos éticos e morais.
 
Recentemente, o País se mobilizou, numa iniciativa que partiu da própria sociedade civil, para impedir que os chamados "fichas sujas" ocupassem cargos políticos. Nas últimas eleições, a primeira com a Lei da Ficha Limpa, as coisas não saíram exatamente como muitos eleitores mais otimistas esperavam. 
 
Muitos casos foram parar nos tribunais e ainda hoje, mais de três meses após o pleito, ainda há muitos brasileiros que ainda não sabem quem será o chefe do executivo municipal durante os próximos quatro anos. 
 
Para observadores, a eleição 2012 deve ser vista como um avanço da democracia brasileira, que ainda está em processo de maturação. Se olharmos para o passado recente da história do Brasil, essa tese, de fato, pode ser considerada plausível. O exercício do voto, aos poucos, está conferindo mais consciência aos eleitores. 
 
 
De outro lado, quando nos deparamos com situações como as eleições da OAB e Assembleia capixaba, chegamos à conclusão que ainda temos muito a evoluir.

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