Ninguém pode dizer que o ano começou morno na Assembleia Legislativa. Em menos de um mês de legislatura, as temperaturas estão altas no plenário da Casa. Neste sentido, a atuação de três parlamentares vem se destacando em meio às confusões das sessões ordinárias e articulações de bastidores: Enivaldo dos Anjos (PSD), Gilsinho Lopes (PR) e Sérgio Majeski (PSDB).
Enivaldo dos Anjos foi, talvez, o mais silencioso dos parlamentares durante o período de recesso, mas bastou começar o mandato que o deputado disparou sua metralhadora giratória. Não está ali para fazer amigos e aponta o dedo e critica os colegas quando entende que algo está errado. Na sessão dessa segunda-feira (23), lançou uma frase que pareceu elucidativa sobre seu comportamento: “Esta Casa só vai se lembrar dos corajosos, não vai se lembrar dos covardes”.
O deputado que poderia estar com a vida mansa no Tribunal de Contas, porque ainda teria um bom tempo de atuação na corte antes de se aposentar pela idade, preferiu o calor da Assembleia e não parece disposto a exercer um mandato tímido.
Gilsinho Lopes vem mantendo a postura que tinha na legislatura passada. Não se curva diante do Palácio Anchieta com a mesma facilidade de muitos de seus pares. Também não vai engolir sapo dos colegas, como ficou explicito no episódio da CPI do Pó Preto, quando enfrentou o líder do governo, Gildevan Fernandes (PV).
Mas a experiência dos mandatos anteriores também são percebidas nos movimentos do deputado. Na sessão dessa segunda-feira, o deputado preferiu não sair apedrejando a torto e a direito, mesmo diante da manobra política que foi feita para evitar que ele participasse da CPI do Pó Preto, que, aliás, foi uma criança roubada de seu colo.
Ficou observando o movimento, e quando percebeu uma outra manobra para evitar o requerimento de Enivaldo para aumentar o número de membros da CPI, com a antecipação da instalação da Comissão logo depois da sessão ordinária, ficou lá plantado observando o que acontecia e acabou evitando mais uma puxada de tapete.
Sérgio Majeski é novato e ainda comete erros políticos comuns para quem está começando um mandato. Mas também já demonstrou que não está ali para ser levado com a onda. Majeski tem uma característica interessante, tem conhecimento qualificado, não tem vergonha de mostrá-lo quando preciso, e não faz discursos fáceis para agradar o eleitor médio.
Os três estão colocando fogo neste início de legislatura, o que é bom porque forçam os demais a entrarem no debate e expõem articulações que antes ficavam embaixo do tapete. Isso fortalece a Assembleia e o jogo democrático.
Fragmentos:
1 – Os deputados estaduais perceberam, na sessão dessa segunda-feira, que todo cuidado é pouco na hora do discurso. Tudo que for usado em referência ao Regimento Interno agora poderá abrir brechas para Enivaldo dos Anjos, que parece ter decorado o texto.
2 – Nessa segunda-feira (23), o deputado Bruno Lamas (PSB), em sua fala, afirmou que não havia espaço para Gilsinho Lopes na CPI porque a comissão só tinha cinco membros efeitos e as vagas – por escolha política –foram ocupadas pelos deputados da Comissão de Meio Ambiente.
3 – Foi o suficiente para Enivaldo dos Anjos propor o aumento do número de vagas, já que a CPI pode ter até nove integrantes.

