Se dependesse de teoria, a poluição do ar em Vitória estaria com os dias contados. A questão, embora não seja assunto prioritário nas campanhas dos três principais candidatos a prefeito na Capital, é unanimidade entre as propostas para a área enumeradas por Iriny Lopes (PT), Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e Luciano Rezende (PPS) em seus planos de governo. O problema é que não passa disso. Até hoje, ninguém se propôs a levantar o debate. E assim promete ser até o dia 7 de outubro.
No papel, funciona muito bem. Os candidatos mostram que estão inseridos no contexto e firmam posição na busca pelo tão propagado “desenvolvimento sustentável. Os tempos atuais exigem tal postura. Mas cadê a poluição do ar em propaganda eleitoral ou nos principais pontos divulgados pelos candidatos constantemente na mídia? Ninguém sabe, ninguém viu.
Vamos aos detalhes, começando por Iriny Lopes. A petista garante que vai desenvolver ações para melhorar substancialmente a qualidade do ar, segundo os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS). Promete fazer isso com monitoramentos e apoios a estudos científicos e ainda novos parâmetros para as emissões, articulando-os com os indicadores epidemiológicos. Também estão na lista aprimorar e criar novos instrumentos de gerenciamento das emissões fixas e móveis, além de atualizar o código municipal de meio ambiente, estabelecendo diretrizes, normas e padrões de emissões, bem como índices de qualidade do ar.
O tucano Luiz Paulo segue na mesma linha, porém, com a pitada de modernidade que marca seu perfil. Igualmente se responsabiliza em manter intenso programa de fiscalização das indústrias instaladas em Vitória, com contínua verificação aos limites das emissões de poluentes, bem como sua redução, observando as melhores tecnologias disponíveis no mundo. As informações sobre a poluição poderão ser acompanhadas pelos capixabas, no site da prefeitura. Para isso, ele irá restabelecer a Central de Monitoramento da Qualidade do ar e Condições Meteorológicas.
Já Luciano Rezende, bem mais econômico, em poucas palavras também se compromete. Jura que vai mapear cientificamente os pontos de emissão de partículas no ar, identificando as fontes geradoras, e estabelecer cronograma de redução com monitoramento sistemático.
Não parece tudo uma maravilha? Pois é, mas só parece. No caso da poluição do ar, há uma distância enorme entre a teoria e a prática. O comportamento e a omissão dos nossos representantes estão ai para provar. Inclusive dos que se colocam agora como candidatos, cheios de boas intenções. Depois, à frente do cargo, sofrem de amnésia proposital. A cada eleição, essa é a história que se repete. Lamentavelmente.
É exatamente por isso que se torna essencial conhecer as propostas. Essas certamente serão a cobrança de amanhã. Promessa é dívida.
Manaira Medeiros é jornalista e especialista em Educação e Gestão Ambiental