Domingo, 28 Abril 2024

Quando os sentimentos influenciam o consumo

 

Na busca pelo prazer imediato ou por status, às vezes, vive-se um padrão de vida acima da realidade, para se sentir inserido, pertencente ou “melhor”. Comprar por impulso, sem planejar, sem estimar se caberá no orçamento, pode promover, por alguns momentos, alívio, pode melhorar a autoestima, fazer se sentir capaz, mas, logo em seguida denunciará que “caiu em tentação”, retomando e reforçando os sentimentos ruins e as frustrações pessoais.
 
Experimentamos no Brasil um aumento na empregabilidade e na renda, além do acesso facilitado ao crédito, o que remete a uma melhoria no padrão de vida. Esses três fatores somados, contribuem para um maior acesso ao mercado de consumo.
 
Ao acessar o mercado de consumo há que se observar que para cada tipo de compra há um motivador específico. Lembrando que a principal motivação para o consumo deve ser a necessidade, em segundo lugar, para garantir a realização de metas, para depois realizar as compras supérfluas.
 
Dentre os sentimentos que motivam o consumo imediatista, existem os que compram quando se sentem tristes, angustiados, solitários e ou frustrados com algo. Há os que compram por “vingança”, como se fossem ”às forras” ao usar ou extrapolar o limite do cartão de crédito com compras geralmente supérfluas. Outros compram movidos pela excitação com a aproximação de um evento social “marcante”. Os que compram porque estão se sentindo insatisfeitos com a aparência pessoal, denunciando uma baixa autoestima somado a uma postura descontrolada no uso do dinheiro. Todas as formas de consumo listadas acima servem como compensação para problemas puramente emocionais. Sentimentos e posturas que devem e podem ser tratados em prol de se (re)conquistar a saúde.
 
Um a um, chegamos a um significativo montante de brasileiros que não sabem lidar com o dinheiro e o utilizam para compensar frustrações, decepções com terceiros e consigo mesmo. Pesquisa do SPC Brasil apontou que 85% dos entrevistados compram por impulso. Há que se desenvolver o que chamamos de inteligência emocional no uso do dinheiro, adotando estratégias para a reprogramação psicológica e modificando o comportamento de consumo por impulso e de forma emocional.
 
Para defender a necessidade de introduzirmos a prática do planejamento, da reflexão antes da ação de comprar, principalmente quando a forma de pagamento escolhida for o parcelamento. Vale lembrar que consumimos não só para e por nós, mas também pelos nossos. Como assim? Dívida não morre com quem a contrata. Passa de pai para filho, de filhos para pais, entre irmãos... Ao prevenirmos o nosso bolso e primarmos pela saúde financeira, vivendo o hoje e guardando para o amanhã, estamos também cuidando da saúde financeira dos nossos descendentes e educando-os financeiramente, já que se “espelham” em seus pares.
 
Agir por impulso, para satisfazer algo que você, às vezes, nem quer, pagando mais caro do que poderia e deveria, faz mal à sua saúde financeira, psicológica, social e física e pode influenciar da mesma forma para àqueles que nem opinaram para as suas escolhas.
 
Pense em si e nos seus antes de comprar.





Ivana Medeiros Zon é assistente social,  especialista em Saúde Pública e em Estratégia Saúde da Família. Autora do Projeto Saúde Financeira na família: uma abordagem social, com foco em educação financeira.
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