Segunda, 13 Mai 2024

Quem manda é o presidente

A coluna hoje vai falar sobre a fragilidade dos estatutos sindicais no que tange à democracia e à transparência. Como todas as organizações sociais, os sindicatos também devem ter suas atividades pautadas pelos estatutos, que definem a conduta que deve ser seguida pelas direções.



De uns tempos para cá, várias mudanças começaram a ser feitas dentro dos sindicatos, por meio de alterações nos estatutos, tudo com o aval da Central, que deveria cuidar da mediação com a classe trabalhadora e garantir a manutenção da democracia interna. Porque sindicato sem trabalhador na base, não é sindicato.



As coisas começaram a degringolar, quando se alterou o mandato das direções, que antes era de três anos e agora chega até a cinco anos. As mudanças de estatutos não se limitaram apenas a esse quesito. Uma das alterações mais antidemocráticas é o que se refere aos quóruns de assembleias.



Um exemplo dessa distorção veio do sindicato dos Metalúrgicos, que agora não tem mais assembleia deliberativa. A direção reúne os trabalhadores para informar sobre as atividades, sobre as chapas que vão disputar eleição interna, quem as compõem e pronto.



Na eleição também não é diferente. A prática da maioria simples, com 50% mais um de diferença acabou. Agora, quem ganhar, ganhou. Independente do percentual de votos e do comparecimento da base às urnas.



Aí o patrão deita e rola. Ninguém fica sabendo de nada, não há mobilização das bases e ninguém acompanha os problemas dentro da fábrica. Enquanto isso, a direção vive à custa do imposto sindical e se perpetuando no poder. Querendo ou não o trabalhador, o desconto vem em todas as negociações pelas taxas de reforço.



O trabalhador não pode aceitar ser excluído do processo de escolha de sua direção. É a garantia de suas conquistas que está em jogo. Quem está no poder, geralmente, quer permanecer e se não há mudança para a categoria, a direção deve ser repensada.



Não dá mais para retroceder. As conquistas do movimento sindical e a forma coletiva com que foi criado não permitem atitudes antidemocráticas e não transparentes. Se o movimento chegou aonde está hoje foi graças à mobilização social e a ampla democracia. Quando a sociedade avança, não aceita retroceder. Tentar levar um regime que exclui o trabalhador para dentro do espaço de mobilização é no mínimo um absurdo.



Está na hora de repensar esse regime presidencialista dentro do sindicato. É hora de as centrais entrarem no debate e buscarem um regime colegiado. Na mão de um só, o movimento está indo para o buraco. 

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