Segunda, 06 Mai 2024

Questão numérica

 

Na entrevista publicada nesse fim de semana em Século Diário, o coronel da reserva Luiz Sérgio Aurich - ex-secretário de Segurança Pública e comandante-geral da PM nos governos de Max Mauro e Albuíno de Azeredo – analisou com muita precisão e imparcialidade os principais gargalos da Segurança Pública do Estado. 
 
Uma questão, em especial, deve ter chocado os leitores. Nas palavras do coronel: “Em 1993, quando deixei o Comando da PM, a corporação tinha 8,2 mil homens. Vinte anos depois, esse efetivo caiu. Hoje a Polícia Militar não tem oito mil homens. Percebam o ‘vácuo’ que existe hoje na Polícia Militar. É claro que o problema da segurança não se resume ao efetivo, mas esse número é preocupante. Não é possível criar novos projetos com esse efetivo. Se você insistir em criar, vai acabar descobrindo um santo para cobrir outro. Não tem jeito”. 
 
O próprio coronel ponderou que as ações de Segurança não se resumem ao efetivo, mas também esclareceu que sem repor os contingentes policiais não dá para fazer mágica. 
 
Ele foi muito didático quando explicou que a célula primária da PM é composta por nove soldados e um cabo, que são comandados por um terceiro sargento. E foi categórico: “A título de exemplo, se hoje a PM tem mil terceiros sargentos, terá que ter 10 mil homens embaixo desses sargentos. Se você quebra isso, quebra a base da PM, quebra essa pirâmide”, preveniu o coronel numa análise puramente matemática.
 
Mais à frente, ele voltou a ilustrar muito bem o problema do “vazio” no efetivo, causado principalmente pela omissão do governador Paulo Hartung, que “pulou” as reposições que, segundo o coronel, deveriam ter sido feitas ano a ano. 
 
Em função do “buraco negro” deixado nos quadros das policias, Aurich disse que não adianta o governo lançar ações sem construir antes um plano de segurança. Ele esclareceu inclusive que o festejado Estado Presente não pode ser classificado como um plano de segurança, mas apenas como uma forma de policiamento. 
 
Leitores que acompanham mais de perto o tema elogiaram o diagnóstico que o coronel Aurich fez dos principais problemas da segurança. Destaque para o comentário do ex-comandante-geral da PM, Júlio Cesar Lugato, que confirmou as análises do coronel. 
 
Lugato afirma que em 2003 (início do governo Hartung), pediu ao então governador a realização imediata de concurso para selecionar mil soldados, mas Hartung recusou o pedido. Pior, o secretário de Segurança Rodney Miranda determinou a retirada imediata da Diretoria de Inteligência de mais de 30 policiais, que foram remanejados para a Delegacia de Homicídios da Serra. “Era a velha história de se descobrir um santo para cobrir o outro”, conta. 
 
E completa: “Tal atitude impensada e perseguidora, minou um órgão vital da PM, o seu serviço de inteligência. Durante meu comando, em momento algum fui convidado ou participei de qualquer reunião para se elaborar um plano de segurança para o Estado”, recorda o ex-comandante.
 
Ele desabafa que a Polícia Militar, apesar do seu importante papel, não era levada a sério e não recebeu a devida atenção de Rodney Miranda. “Ele queria mais era usar a mídia para se promover, e acho que conseguiu”, diz Lugato.
 
Assim como o colega Aurich, o ex-comandante prevê: “O Governador Renato Casagrande herdou um grande problema e precisa urgentemente organizar a área de segurança e, como foi dito [na entrevista], é preciso fazer um plano de segurança urgente, pois, caso contrário, tenho certeza de que [Casagrande] vai pagar uma conta muito grande, que na realidade não é sua. Foi uma herança”, completa. 

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