Sexta, 26 Abril 2024

Relação controversa

Dizem os mais velhos que o costume do cachimbo deixa a boca torta. É o que parece acontecer com a Assembleia Legislativa em sua relação com o governo do Estado. Já vem se tornando uma prática na Casa a reclamação dos deputados sobre o não atendimento a determinadas “demandas”.



Geralmente esses pedidos são de inclusão no Orçamento do ano seguinte de emendas parlamentares ou de indicações ao governador, sempre para obras nas bases eleitorais dos deputados. O governo, por seu turno, acaba cedendo aos pedidos dos deputados em nome de uma “harmonia entre os poderes”.



Trata-se de uma distorção de conceito. Deputado tem que legislar e fiscalizar, essas são as funções parlamentares. Nada além. Quem tem que decidir onde investir os recursos do Estado é o Executivo. Além disso, o deputado não é eleito para defender o interesse de uma parte do Estado, da base política que o elegeu.



O parlamentar está na Assembleia para criar leis de interesse de toda a sociedade capixaba. Senão, em vez de 30 teríamos que ter 78 deputados, um de cada município. Portanto, não cabe a justificativa, muito manjadinha, diga-se de passagem, do presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço (DEM), de que sua mágoa vem do não atendimento de demandas.



O campo de atuação de Ferraço é a Assembleia, se quer ingerir sobre as decisões do governo, deveria ter se candidatado ao cargo e não à reeleição para a Assembleia.



Além disso, não adianta vir agora com essa desculpa, já que todo mundo sabe quais são as reais razões pelas quais Ferraço anda tão aborrecido com o governo do Estado. Tentou emplacar uma reeleição na Assembleia sem discutir com o governo.



É claro que, neste caso, o Executivo não tem que dar pitaco na escolha do presidente, mas a questão é um pouco mais complicada, pois coloca em jogo a retomada de uma prática já extinta na Casa. Se é justa ou não é uma outra discussão, mas se Ferraço cobra respeito do governo, sua atitude de passar por cima da opinião do governador Renato Casagrande sobre o tema, também não foi nada gentil.





Fragmentos:



1 – Com um cenário de campanha eleitoral morno na Grande Vitória, com possibilidade de definição apenas na reta final, indicando segundo turno, os olhos do mercado político se voltam, quem diria, para o balneário de Guarapari.



2 – Por lá, a disputa entre o governador Renato Casagrande e o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) parece bem explícita. Hartung está trabalhando ao lado de Theodorico Ferraço (DEM) pelo prefeito Edson Magalhães, impugnado. Já o governo do Estado tem como aposta  Ricardo Conde (PSB).



3 – Sem poder contar com o governador para livrar a barra de seu apadrinhado,
Ferraço recorre a Hartung para ingerir na Justiça. Mas o ex-governador também não tem mais esse nível de privilégio.

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