É preciso unir o país em defesa da democracia e da soberania
O Brasil vive mais um capítulo de ingerência externa que atenta contra sua soberania e desafia suas instituições democráticas. As tarifas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, não são apenas uma questão comercial, carregam motivações políticas explícitas e, sobretudo, autoritárias. A tentativa de “punir” o Brasil revela não só um desacordo econômico legítimo, mas uma retaliação alinhada a interesses obscuros: a defesa da impunidade de criminosos que atentaram contra a democracia brasileira, planejaram assassinatos de autoridades, invadiram palácios e depredaram patrimônio histórico.
O paralelo é óbvio: o que ocorreu no Planalto brasileiro ecoa o que se passou recentemente na Casa Branca, quando apoiadores do então presidente norte-americano atacaram as instituições do próprio país. Criar precedentes para absolver golpistas, aqui e lá, é a verdadeira agenda por trás de medidas que se vendem como “defesa econômica”.
Além do ataque direto à soberania nacional e à independência do Judiciário brasileiro – inclusive com tentativas de punição a ministros por meio de leis estrangeiras -, há um pano de fundo econômico que não pode ser ignorado. A adoção do PIX, uma solução tecnológica nacional, segura e de baixo custo, incomoda profundamente os interesses das empresas de cartões de crédito, majoritariamente norte-americanas, que exploram tarifas abusivas no mundo todo. O sucesso do modelo brasileiro, já copiado em outros países, somado à regulação das plataformas digitais, ameaça lucros bilionários e explica parte do apoio de grandes corporações à extrema direita global e brasileira.
O desconforto dos Estados Unidos também se agrava pelo posicionamento independente do Brasil no cenário internacional, reforçando a multipolaridade e o multilateralismo, e participando ativamente do Brics. A defesa de uma moeda alternativa ao dólar e o fortalecimento de relações comerciais diversificadas representam, para Washington, riscos à hegemonia financeira norte-americana – riscos que, na prática, derivam mais da perda de confiança em sua própria economia do que de decisões brasileiras.
Apesar das tarifas, as projeções indicam que o Brasil perderá cerca de US$ 15 bilhões em exportações para os EUA, o equivalente a menos de 1% do PIB. O impacto, embora relevante para setores específicos, pode ser mitigado com ações pontuais, como alongamento de prazos de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio e linhas de crédito emergenciais para manter empregos e abrir novos mercados.
A grande questão é: vamos reagir apenas de forma defensiva ou aproveitar a crise para corrigir problemas estruturais que travam o crescimento? A indignação que sentimos agora precisa se converter em força política para impulsionar reformas essenciais, como a tributária e a revisão das renúncias fiscais, ao lado de agendas prioritárias como segurança pública, infraestrutura e avanço tecnológico.
Mais do que um embate econômico, esta é uma disputa pela dignidade nacional. É preciso unir o país em defesa da democracia e da soberania, isolando a extrema direita, que atua como cúmplice das sanções e que só se preocupa em proteger seu “mito” da responsabilização judicial. Independentemente de partidos ou ideologias, o que nos une é a certeza de que nossa bandeira representa a independência e o orgulho de ser brasileiro.
O Brasil deve seguir no caminho do diálogo e da diplomacia, mas com firmeza, defendendo seu direito ao desenvolvimento econômico e social. Esse compromisso é inegociável, pois diz respeito não apenas ao presente, mas ao futuro de nossa nação.