Quinta, 02 Mai 2024

Ronaldo versus Pontes ??? IV assalto

O embate entre o desembargador Ronaldo Sousa e o procurador-geral de Justiça Eder Pontes entrou no seu quarto round nesta quarta-feira (6), e segue cada vez mais quente. Havia uma grande expectativa em torno da decisão do desembargador em relação ao parecer de Pontes, que sugeriu o relaxamento das prisões dos ex-prefeitos e de outros servidores envolvidos na Operação Derrama. 

 
Fazendo um rápido retrospecto para quem perdeu os assaltos anteriores, no primeiro, Pontes levou a melhor. Ele desqualificou as investigações da polícia, não ofereceu denúncia contra o principal acusado, o presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço, e ainda discordou das prisões dos ex-prefeitos, julgando-as “desnecessárias”. 
 
No segundo round, Ronaldo reagiu. O desembargador manteve as prisões (soltou apenas a ex-prefeita Norma Ayub, mulher de Ferraço), certificou a qualidade das investigações e ainda acrescentou que havia mais um “caminhão de provas” no Tribunal à disposição do procurador-geral, só que ele deveria, por motivo de segurança, se deslocar à casa da Justiça para analisar a nova documentação. Ponto para Ronaldo.
 
O duro contragolpe de Ronaldo inervou Pontes, que foi para o corner estudando os pontos vulneráveis do adversário para pegá-lo no contrapé. A reação de Eder, que não é o Jofre, viria no terceiro assalto. O procurador-geral provocou as instituições parceiras do Ministério Público de dentro e fora do Estado conclamando apoio. 
 
Corporativistas como são, as manifestações de apoio a Eder Pontes chegaram imediatamente. As notas criticando o Tribunal de Justiça e os delegados do Núcleo de Operações Criminosas e Combate à Corrupção (Nurocc) começaram a tomar conta das edições impressas dos dois principais do Estado. 
 
A nota mais contundente foi publicada nessa terça-feira (5) pela Associação de Procuradores da República (ANPR). No texto, a entidade usa palavras duras para criticar as instituições que estariam perseguindo Pontes. 
 
Um trecho da nota diz que o procurador-geral estaria sofrendo “sabotagem” por parte das instituições. Ainda, segunda a nota, reproduzida no site do Ministério Público Federal no Estado (MPF-ES), a ANPR lamenta a aparente violação das prerrogativas processuais e o desrespeito ao papel constitucional do Ministério Público no caso. Esse trecho faz menção direta aos argumentos levantados por Eder Pontes de que ainda não teria recebido os autos do processo.
 
Antes da entidade de procuradores da República, as direções da Associação Espírito-Santense do Ministério Público (AESMP) e do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG) já haviam manifestado apoio ao chefe do MP capixaba.
 
A estratégia de Pontes era pressionar o desembargador a recuar e revogar as prisões dos ex-prefeitos, já que um dos principais objetivos do procurador-geral fora cumprido com sucesso: a reeleição de Ferraço. 
 
Eder Pontes estava confiante que as manifestações públicas de solidariedade intimidariam o desembargador. Mas não foi isso que aconteceu. O relator do inquérito manteve as prisões de sete dos nove ex-prefeitos, mostrando que não se sentiu melindrado com a “blitz” de Pontes. 
 
Definitivamente, a crise entre as duas instituições está instalada, e não é de hoje. O Ministério Público estadual ainda representa os interesses do grupo do ex-governador Paulo Hartung, que deixou um séquito de aliados e simpatizantes dentro da instituição, que sempre teve função estratégica no seu governo. 
 
No embate entre Ronaldo e Pontes, o desembargador levou a melhor novamente ao se impor às tentativas frustradas do representante do MPES de intimidá-lo. 
 
Além do gancho certeiro desferido nesta quarta que pegou o adversário desprevenido, o desembargador, ao enviar as provas complementares reclamadas por Pontes, cria um novo problema para o procurador-geral. 
 
De posse dessas novas provas, as quais Ronaldo já deve conhecer de trás pra frente - pois elas ficaram sob a guarda do Tribunal por mais de uma semana -, Eder Pontes terá que se posicionar e decidir se oferece ou não denúncia contra os acusados da Derrama.
 
Agora é esperar para ver se Pontes tem um novo trunfo na manga para contra-atacar ou se terá que bater no chão três vezes e suplicar o fim da luta, reconhecendo a vitória do adversário. O embate tem tudo para ir para o quinto round

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