O 1º de Maio foi marcado por um discurso panfletário que pouco contribuiu para o engrandecimento da contribuição dada pelo movimento sindical para a construção do sistema político que se pratica hoje no Brasil. Nem mesmo a presidente Dilma Rousseff, eleita pelo Partido dos Trabalhadores, pareceu lembrar a contribuição dos fundadores do partido para democracia que ela comanda hoje.
Dá até para entender a falta de memória de Dilma, primeiro porque ela não era histórica do PT, veio do PDT, mas teve sua importantíssima participação no movimento popular e na luta armada contra a ditadura. Quem deveria fechar essa lacuna deixada por Dilma é justamente o movimento sindical, mas voltado apenas para o que acontece em volta do umbigo de seus dirigentes perdeu mais uma oportunidade de mostrar a força de mobilização política que o trabalhador tem.
Pior que isso, abriu espaço para pessoas como Paulinho da Força, aliado à oposição, que é hoje congrega as forças de direita do País, fazer discurso eleitoral, transformando o dia de luta em palanque para ele seus aliados, como o presidenciável Aécio Neves (PSDB). Enfim, o 1º de Maio sofreu uma deturpação completa de seu objetivo.
Quem perde com isso é a juventude que mais uma vez deixou de conhecer o passado do movimento, de saber como foram forjadas as diretrizes da democracia que se pratica no país. Sem esse conhecimento, fica prejudicada a mobilização popular de hoje, não se criam novas formas de luta por igualdade nem entre os trabalhadores, nem na sociedade em geral.
Como por exemplo, se o movimento se engajasse na luta pelo financiamento público de campanha, que traria um novo perfil para o Parlamento. Mas o que se vê são dirigentes sindicais que aproveitam a posição de representantes de classe para articular suas próprias campanhas, dentro do sistema injusto de disputa eleitoral que se tem disponível.
A prática de se mobilizar o trabalhador no 1º de Maio acabou, deu lugar a shows musicais e discursos de pré-candidatos, mas essa prática de desmobilização não acontece só uma vez por ano. O movimento sindical e popular acabou com as plenárias, com os fóruns de discussão e em alguns casos até com as assembleias, as discussões agora são de gabinete, indo contra tudo aquilo que se lutou contra no passado.
É um contrassenso!