Sábado, 20 Abril 2024

Sete dias em Miami

De repente me assola um vírus cultural. Embora os turistas não acreditem, Miami tem vida inteligente além dos shoppings, portanto, vou ao balé assistir “Holocausto”. Não mentirei que sou fã ou que entendo de volteios e piruetas, mas ganhei as entradas e o belíssimo e moderno teatro da ópera e balé da cidade é um espetáculo à parte. Já assisti alguns balés com sainhas fru-frus, mas nesse os dançarinos vestiam camisetas e shorts brancos.





O balé moderno, ou contemporâneo, manteve as sapatilhas e incorporou alguns passos do balé clássico, mas não segue uma história, e sim uma sequência, procurando representar ideologias e sentimentos. Criado no início do século, uma das pioneiras desse estilo foi a americana Isadora Duncan, que dançava descalça, vestia túnicas largas e não permitia cenários, para não distrair a plateia.



 

Também fui conferir o Festival do Novo Cinema da Espanha – uma semana de filmes espanhóis, com a participação de famosos e badalados no também belíssimo mas antigo Teatro Olympia. E se acontece em Miami, não poderia faltar um filme sobre Cuba. “Sete dias em Havana”, uma co-produção da França, Espanha e Cuba, tem uma história para cada dia da semana, cada uma dirigida por um diretor diferente. Os sete episódios retratam a Havana de hoje, alguns deles hilários.



 

Perguntei a um amigo ex-cubano se iria assistir e ele respondeu que não tem comédia mostrando Havana que o faça rir, e sim chorar. De fato, todas as histórias mostram a decadência da cidade, os problemas que o povo enfrenta e os ‘jeitinhos’ que inventam para superá-los. Engraçados, sim, mas para quem não tem vínculos emocionais com o país. Mesmo assim, o cinema estava lotado de cubanos, talvez menos sensíveis. O filme mostra um povo alegre, ajudando-se mutuamente para driblar as dificuldades.



 

Novembro é o mês da Feira Internacional do livro de Miami, que esse ano contou com a presença brasileira de Nélida Pinon e  Laurentino Gomes. Optei por ver e ouvir a palestra do Laurentino porque adorei 1822. O professor fez uma ótima apresentação e saiu-se bem na palestra em inglês, respondendo com desenvoltura às perguntas dos americanos presentes. Não desprezei a Nélida, apenas tive que escolher – coisas da vida.

 



Conheço um professor de História que já publicou 22 livros apenas sobre a história da Flórida. Pergunto se não está nos planos escrever um romance histórico, e ele se entusiasma na resposta, “A história real é mais emocionante, que qualquer ficção”. Não fiz a mesma pergunta ao Laurentino, mas acho que ele diria a mesma coisa. Nosso temperamental Pedro I, por exemplo,  é uma figura mais empolgante que qualquer personagem de ficção.

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