Sistema de poder
No Brasil, o sistema político é presidencialista de direito, porque, de fato, o presidente fica nas mãos do Congresso Nacional. A votação sobre a derrubada do veto dos royalties do petróleo mostra como isso funciona. Apesar de a presidente ter mantido o pacto federativo, garantindo aos estados produtores, como o Espírito Santo, o repasse diferenciado dos campos já licitados, o Congresso vai derrubar isso.
No movimento sindical, essa dinâmica é bastante diferente, em muitos casos, depois da eleição, com a caneta na mão, muitos presidentes têm tomado as decisões à revelia do interesse coletivo. No movimento sindical, o sistema é presidencialista, mas há o colegiado, que é quem deveria ter comando das decisões. Mas não acontece assim.
As centrais, principalmente a CUT, defendem o presidencialismo, que já se mostrou falho na defesa dos interesses dos trabalhadores. A CUT, nas eleições, apresenta como alternativo o regime colegiado, mas 80% das direções preferem, por motivos óbvios, o presidencialismo absoluto.
O grande problema dessa dinâmica é que uma parcela desses, sindicatos, ou melhor das diretorias, há muito se afastaram da ideologia sindical e estão no poder pelo poder. Por isso, a central deveria ser mais incisiva na escolha do poder decisivo dos seus sindicatos colegiados. Apenas sugerir não vai funcionar.
No momento das eleições, é que a categoria tem condições de mudar isso. É nesse momento também que se vê o prejuízo que a sociedade tem com esse sistema, que tira da mão da maioria e coloca nas mãos de uma única pessoa o poder de decisão.
Este ano, algumas eleições sindicais vão acontecer. Está na hora da classe trabalhadora tomar uma iniciativa que as centrais não estão tendo. Mais que mudar o presidente do sindicato, é preciso mudar o sistema decisório, passando para as mãos de um grupo representativo as decisões e cobrar desse grupo as definições que sejam voltadas para o bem comum. Não adianta também colocar um grupo que esteja lá só para defender interesses próprios.
O compromisso do trabalhador com o sindicato não acaba na hora da eleição. É papel da categoria fiscalizar o trabalho de seus representantes e cobrar deles. Esse sistema colegiado fortalece a democracia, mas é preciso conhecer o sindicato também.
O trabalhador tem que entender que o movimento sindical não é feito pelo sindicato e sim pelo trabalhador. Orai e vigiai!
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