Terça, 14 Mai 2024

Sopa para o azar

Como ensina o ditado, o governador Renato Casagrande está dando “sopa para o azar”. Em decisão liminar, publicada nesta segunda-feira (5), o juiz da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Estadual, Gustavo Marçal, determinou o bloqueio dos bens do ex-presidente da Delta Construções S/A, Fernando Antônio Cavendish, e de mais cinco servidores do Departamento de Estradas do Rodagem do Estado (DER-ES) por fraudes em obras públicas. 
 
A decisão aperta o cerco da diretoria do DER-ES, que fica impedida de fazer aditivos nos atuais contratos ou tampouco celebrar novos contratos com a empreiteira do contraventor Carlinhos Cachoeira 
 
O juiz afirma que as provas do Ministério Público Estadual (MPE), autor da ação civil pública, são claras. Apontam para “provável ocorrência dos atos de improbidade administrativa” que teriam causado a lesão ao erário, enriquecimento ilícito dos acusados e a violação aos princípios que regem a administração pública. 
 
O promotor do caso, Dilton Depes Tallon Netto, pôs na ponta do lápis os valores dos contratos e aditivos celebrados com a Delta para mostrar o montante do “negócio”: R$ 42 milhões, só com o DER-ES.
 
O caso em si já é um escândalo, pois envolve contratos milionários da suspeita Delta com o governo do Estado. Porém, o mais intrigante nessa história é o sangue frio do governador Renato Casagrande, que insiste em manter Eduardo Antonio Mannato Gimenes no comando da Diretoria Especial de Obras do DER-ES.
 
Na ação, o promotor chegou a pedir o afastamento do diretor da autarquia. Para justificar o pedido, Dilton Depes apresentou um argumento bastante plausível. Lembrou que Gimenes responde a oito, isso mesmo, oito processos em ações de improbidade no DER-ES. 
 
Ao reforçar os argumentos que pedem o afastamento do diretor, o promotor deu um conselho valioso que poderia ser aproveitado pelo governador. Lembrou que os gritos das ruas podem fazer reverberar esse tipo de escândalo a qualquer momento. 
 
“Com efeito, neste momento histórico em que a população indignada, sobretudo com as práticas e costumes políticos atuais, ocupa as ruas do país e do Espírito Santo [...], ou seja, por serviços públicos de qualidade, contra a corrupção e principalmente pelo direito fundamental à boa governança, a manutenção de alguém que já responde a oito ações de improbidade numa ‘Diretoria de Obras Especiais’ é estar totalmente fora de sintonia com os reclames da cidadania”, ressaltou o promotor. 
 
Apesar da clareza do alerta, o governador não esboçou nenhuma reação no sentido de afastar o diretor. Nessas horas é inevitável não interpretar a decisão do governador como uma manobra “camicase”, tal o risco da operação. 
 
Não custa nada lembrar que Eduardo Antonio Mannato Gimenes é homem de Paulo Hartung. Tanto é que o diretor comandou o DER-ES durante boa parte dos dois mandatos do ex-governador. 
 
Pronto, agora fica mais fácil entender o instinto “camicase” do governador.

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