Sábado, 20 Abril 2024

Sugestão NOW: Ninguém entra, ninguém sai

O filme do Taiwanês Hsu-Chien, radicado há muitos anos no Brasil, foi um unânime fracasso de crítica. Depois de ler meia dúzia de críticas, opiniões negativas, todas parciais, desarrazoadas e sem argumentos sólidos, somente opiniões bastante subjetivas, enrolei um pouquinho até experimentar o filme e agora finalmente deixo a resenha para vocês.


São 90 minutos de trama baseada livremente numa crônica de Luís Fernando Veríssimo. Hsu-Chien sobeja criatividade numa história absurda e maluca. Um grupo de pessoas vai na mesma noite ao Motel Zefiro’s, um dos mais caros da cidade. Quatro casais excêntricos, a juíza federal e o segurança , dois menores de idade, um motoboy e a namorada, e o mais imprevisível de todos, a virgem e o ladrão reservam um quarto na mesma noite que uma epidemia mortal se espalha pelo prédio, transmitida supostamente por um funcionário do motel, que é levado para quarentena para maiores investigações. 


O encarregado especialista na rara doença, doutor Fusilli, também suspeita de outro empregado liberado na noite anterior ao alarme bacteriológico e convoca a Polícia Militar para cercar o local. Temeroso com a disseminação da doença, o delegado ordena que ninguém entre nem saia do prédio. 


O doutor Fusilli estima que os hóspedes devem ficar até quarenta dias enclausurados e, enquanto a situação não se normaliza, o governo arca com todas as custas. O motoboy Edu vira síndico responsável e resolve invadir com os outros hóspedes a suíte rei dos reis da juíza federal Letícia, alegando em sua defesa que o motel é de todos, porque o governo está bancando as despesas. 


À medida que a investigação avança, a população descobre a epidemia que foi noticiada nos jornais, primeiro os traídos e pais procuram respectivamente a esposa ou marido e filhos para brigar ou se reconciliar. O imbróglio torna-se tão popular que se apinham na frente da barricada policial toda sorte de gente, de ambulantes a pais de santo. 


Enquanto isso, os hóspedes aproveitam a boca livre do governo consumindo tudo quanto possível, até que um rombo no orçamento encerra o benefício restando apenas as últimas cestas básicas.


A zeladora Francisca, insatisfeita com o claustro no ambiente de trabalho, arregimenta os insatisfeitos para sua seita farisaica antiluxúria. Ela tenta fugir por uma saída secreta, mas é frustrada pela polícia. Francisca então junta-se aos membros para aniquilar os hóspedes ímpios. 


Este ótimo filme é de uma criatividade raramente vista, principalmente no Brasil. As referências inusitadas ao cinema, TV e música brega combinam perfeitamente.



Acho que as únicas explicações para a retumbante rejeição são: o excesso de informação (se o diretor tivesse focado em uma trama principal ao invés de várias de menor importância, os personagens seriam mais marcantes); a quantidade excessiva de piadas pode ter atrapalhado os que preferem um humor sútil; e também a caça às bruxas do politicamente correto que, infelizmente, está destruindo a comédia. 

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