Há muito não via uma tanajura, sinal dos tempos, talvez. Mas, neste mês de novembro de 2018, vi algumas ao longo do caminho que percorro diariamente. A tanajura me leva de volta aos tempos de Cachoeiro de Itapemirim e Marataízes. Lembro que elas apareciam depois de muita chuva, quando o sol se abria.
Fui procurar saber por que e consegui aprender isso: as tanajuras revoam em dias claros na primavera e no começo da estação chuvosa. Após a rainha ser fecundada inicia novo sauveiro. Traz, no aparelho bucal, uma bolota de fungo de seu formigueiro natal e a regurgita no novo sauveiro, irrigando-a depois com sua matéria fecal. Eis o porquê do seu cheiro forte.
A gente procurava as tanajuras mais graúdas, tirava as asas e as colocava para lutar. Elas têm um ferrão tipo tesoura na boca. E beliscavam forte. Mas quando se atracavam, iam até uma delas desistir, geralmente mutilada. Não era covardia nossa, era diversão de quase adolescência.
Na época diziam que serviam para comer. Eu duvidava, embora tivessem a bunda quase oca. Fui também procurar saber e descobri que: diversas espécies eram consumidas pelos índios brasileiros, fritas, em salmoura e misturadas com farofa.
Por exemplo, em Pernambuco, o povo utiliza a tanajura para petiscos que são preparados de diversas maneiras: torradas como amendoim, assadas, em paçoca com farinha de mandioca ou de milho.
Mas as bichinhas que vi agora são miúdas, pequenas. Não vi nenhuma fortezinha. Também sinal dos tempos. Até elas estão fazendo regime.
MENSAGEM FINAL
“A essência da fala está em não falar nada. Se você acha que pode resolver algo sem falar, faça-o sem dizer uma só palavra”.
Yamamoto Tsunetomo