Letrinha boba, o dáblio nada mais é que um V com complexo de inferioridade. Bastava um V, e seria uma tecla a menos nos teclados da vida, um som a menos a infernizar a vida dos aprendizes adentrando o sagrado templo da leitura e da escrita. Antigamente alijado do vernáculo nacional, hoje ganhou espaço no abecedário que, caso você ainda não saiba, foi inventado pelos fenícios.
Quem? O povo da Fenícia, hoje libaneses. Quem vive no Espírito Santo conhece pelo menos três. Nômades por vocação e comerciantes por necessidade, a metade se mandou pro Brasil quando inventaram as promoções nas passagens marítimas. Aqui chegando eles demarcaram o território com a criação do restaurante Cedro do Líbano, no Rio de Janeiro, então centro cultural e econômico do país. Tudo porque, com essa nobre madeira libanesa, os portugueses inventaram as caravelas.
Belas, leves e soltas, as caravelas facilitaram as grandes navegações, portanto Brasil, portanto nós. Sendo o Líbano de então um país rico, o gentílico passou a designar todo imigrante árabe no Brasil, não importa de onde. Quer dizer, por lá eles se matavam por excesso de nacionalismo, aqui eram todos primos. Melhor ainda, judeus, árabes, muçulmanos, sírios, judeus, turcos, palestinos, e quem mais viesse, em sendo bem sucedidos, viravam patrícios.
Os fenícios foram os primeiros a usar o Cedro do Líbano para construir navios, tornando-a a árvore mais famosa do mundo. A Bíblia a cita 75 vezes, e com ela foram construídos os templos de Davi e Salomão. Li em algum livro de história que muito antes de D. Manoel, o Venturoso, outro rei português importou mil mudas do cedro para criar um bosque. Homem de visão, pois séculos depois havia matéria prima abundante para as caravelas.
A maior cidade fenícia foi Biblos, considerada a mais antiga do mundo. Em sua homenagem inventaram a Bíblia. Comerciantes incansáveis, sempre em busca do lucro não importa em qual empreitada, criaram também A Cor Púrpura, dando um Oscar para Whoopi Goldberg. Nesse nome, o W foi pras calendas gregas e se pronuncia Ruupi. Isso porque no alfabeto inglês o W é Double-U, ou U dobrado, e não V dobrado.
Portanto, aqui meu nome mudou para Uanda. Não reclamo, mas se puserem um G eu viro Uganda. Se fosse artista de cinema me chamaria Nadwa. Se embaralhar eu viro Danwa; põe de cabeça pra baixo e viro Manda, embora não seja mandona. Outra rodada e viro Danua. Mas se tirar o W eu viro nada.