Quinta, 25 Abril 2024

Todo cuidado ainda seria pouco

 

Durante a campanha que o elegeu governador do Estado em 2010, Renato Casagrande prometeu que cuidaria pessoalmente da segurança, tão preocupante era a situação da violência no Estado. Passados dois anos, porém, as taxas de homicídios continuam nas alturas e o Espírito Santo se consolidou como o segundo Estado mais violento do País, posição que já ocupa há quase uma década. 
 
Quando prometeu "cuidar pessoalmente da segurança", o eleitor acreditou que o governador, então candidato, se debruçaria diariamente sobre os números da violência e passaria mais horas com o secretário de Segurança do que com a sua própria família.
 
Acreditava-se também que o governador, sempre que houvesse situações extremas de violência - como os 19 homicídios registrados no último fim de semana -, viria a público para transmitir tranquilidade à população e renovar o compromisso de que a segurança continuaria sendo a prioridade número um do governo. 
 
Na prática, lamentavelmente, nada disso ocorreu. Em dois anos de governo Casagrande, os índices de violência ainda estão muito distantes da média nacional. O secretário Henrique Herkenhoff, por sua vez, parece conformado com os índices de homicídios de guerra civil que amedronta a população. Quando fala sobre o problema, ele reconhece que a redução das taxas de homicídios é lenta, mas que está havendo queda.
 
Isso é muito pouco diante da caótica situação de violência que toma conta das ruas. Afinal, só este ano (até dia 18 de novembro) foram assassinadas 1.460 pessoas. Ou seja, uma média de quase cinco mortes por dia. 
 
Para minimizar os dados assustadores, o secretário recorre aos números de 2011, quando foram registrados, no mesmo período, 1.502 homicídios. Isso significa uma irrisória redução de 42 mortes. Morreram menos pessoas, é verdade, mas isso é muito pouco para um governo que prometeu cuidar pessoalmente do problema e devolver a paz à população.
 
É inaceitável que 19 pessoas sejam assassinadas num intervalo de 72 horas, como ocorreu nesse fim de semana. Como procuramos alertar os leitores, em matéria publicada nessa segunda-feira (19), comparativamente, a violência no Espírito Santo é muito mais grave do que a de São Paulo, que está em pânico, sob ataque cruzado do crime organizado.
 
Comparando os números, se percebe a gravidade da situação capixaba. Foram 19 mortes no Estado contra 21 na Grande São Paulo no último fim de semana. Detalhe, o Espírito Santo tem 3,5 milhões de habitantes e a Grande São Paulo 19 milhões, ou seja, 11 vezes mais que a população capixaba.
 
Para as 19 mortes no Espírito Santo ter o mesmo impacto em São Paulo, em vez de 21, teriam que morrer, no fim de semana, 231 pessoas na Grande São Paulo. Proporcionalmente, seria o número correspondente para uma população 11 vezes maior. 
 
Imaginem como estariam a população e as autoridades paulistas após os jornais estamparem a ocorrência de 231 assassinatos num fim de semana na Grande SP? Respondo, em completo desespero. 
 
Mas aqui as 19 mortes são aceitas com certa parcimônia. O governador nada comentou sobre os crimes. Pois se decidisse dar satisfação à população toda vez que ocorresse um fim semana violento, não faria outra coisa. 
 
O que mais preocupa é esse conformismo da população diante de um quadro tão brutal, que todos os dias mata de quatro a cinco pessoas no Estado. Talvez  seja essa resignação da população que tenha feito o governador "se esquecer" da promessa de cuidar pessoalmente da segurança.

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