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Uma andorinha não faz verão

Olha pra frente, Anjo da Guarda!

Com tantos textos flutuando no vasto universo da Internet, de repente deparo com uma estrela cadente que parou de cair e procura sua trilha – Para onde vou com tanta pressa? Segue seu rumo que sua vida é breve! Ou talvez a vista me falhe, e seja apenas um pássaro que se desgarrou do bando – Vou para o leste ou para o lado oposto? Olha pra frente, andorinha!

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O último dia do quinto mês do ano nos empurra para o mês seguinte: olha pra frente, Anjo da Guarda! O que ficou para trás virou ontem, e já não conta no espaço de 24 horas que chamamos de hoje. Caiu e quebrou a perna ou acertou na milhar? Conheceu alguém que vai mudar seu futuro ou se afastou de alguém que te fazia sofrer? O médico ou o dentista? Nunca se sabe, e contar o tempo passado é contar as folhas caídas da castanheira.

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O futuro é uma caixinha de surpresas, diz o vulgo, que não tem medo de surpresas. O futuro a Deus pertence, diz o preguiçoso, e perde o bonde. Amanhã a vida vai melhorar, diz o otimista, e compra um bilhete da loteria. Hoje você vai conhecer alguém…disse o biscoito da sorte. E não é que Martinha conheceu mesmo? Marcamos um cineminha, mas onde será que larguei a chave do carro? Equação de causa e efeito: o carro não anda sem a chave e Martinha não anda sem o carro.

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Perco o filme e o encontro marcado, ou ele vai esperar? Chamo o Uber ou pego o ônibus? Talvez seja um bom teste…se chego atrasada ele vai embora ou entra e reserva a cadeira ao lado? Chove a cântaros, diziam os gregos. Não tenho conta no Uber e o lotação passa lotado. Vou a pé ou vou dormir? Você pode medir uma febre: compre um termômetro. Há muitas maneiras de se medir uma serpente ou a distância entre os postes da rua, mas não existem instrumentos para medir o amor. É voo cego: você mergulha de cabeça nesse mar revolto ou dorme sozinha.

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A mesma equação se aplica para o dia seguinte, essa caixinha de surpresas: tudo pode acontecer, mesmo que nada aconteça. O dia que passa não volta mais, portanto faça dele um evento: ouvir música, ler pelo menos um capítulo daquele livro juntando poeira na estante, ligar para alguém com quem não se fala há muito tempo, fazer as unhas, arrumar o armário da cozinha, elogiar o cachorro do vizinho. Gandhi nos ensinou: o futuro dependerá do que fazemos no presente.

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Não perca tempo, andorinha, que a vida é curta, a mocidade é breve e há sempre um verão em algum ponto do planeta. Nem que chova canivetes, Martinha decide, É melhor pegar uma gripe do que chorar sozinha. Pega a sombrinha, a capa de chuva, troca o salto alto pelo tênis velho e se manda que toda distância vale a pena…ele esperando na porta do cinema, perderam a metade do filme. Todo começo pode ser eterno.

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