Segunda, 29 Abril 2024

Violência, a maior das ameaças

 

No que diz respeito à política, governador Renato Casagrande tem muitos motivos para comemorar o ano que se finda. Sua retrospectiva nesse aspecto foi tão positiva que ele pode olhar para sua reeleição em 2014 com certo otimismo. 
 
Se Casagrande foi bem na montagem do arranjo político que vem lhe dando estofo para permanecer no Palácio Anchieta a partir de 2015, na parte social, a exemplo do seu antecessor, o governador deixou a desejar. O problema é que o ex-governador Paulo Hartung nunca fez questão de esconder que a área social não fazia parte da sua agenda de governo, já Casagrande, que forjou sua campanha no apelo social, está em dívida com a população. 
 
O tripé que dá base aos programas sociais do governo, principalmente os ligadas às áreas de saúde, educação e segurança, ficou “capenga” nesse meio mandato. Dos três, a segurança é sem dúvida o principal desafio para o governador nos próximos dois anos. Isso se ele concordar que a violência tem tudo para se tornar a sua maior adversária em 2014. 
 
É para isso basta que ele analise os números. Os dados (atualizados até 29/12) da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) projetam 1.658 homicídios para 2012. No comparativo com 2011, a queda deve ficar na casa dos 50 assassinatos. Muito pouco para um governo que se comprometeu a cuidar pessoalmente da segurança.
 
Como já escrevemos aqui diversas vezes este ano, ao contrário do discurso do secretário de Segurança Henrique Herkenhoff, não existe tendência de queda consolidada nos índices de homicídios do Espírito Santo. O secretário, no desespero de mostrar resultados, recorreu a fenômenos isolados para tentar convencer a população de que os homicídios estavam em desaceleração. 
 
Rebatemos sempre essa tese. E insistimos que ainda era prematuro falar em recuo. E os números da própria Sesp mostram que Henkenhoff, infelizmente, estava enganado. No final das contas, são previstos 1.658 homicídios para 2012 contra 1.708 registrados em 2011. Em percentual, a queda é inferior a 3%. Isso mesmo, apenas 3%. 
 
Se consideramos que esses números estão sujeitos a reajustes, como por exemplo os caso de tentativa de homicídio que acabam resultando em morte e depois, por algum motivo, não são contabilizados nas estatísticas. Ou o encontro de cadáver que, no primeiro momento, a polícia desconhece as causas do crime e depois, com o aprofundamento das investigações, conclui que se trata de mais um homicídio, mas a informação acaba não sendo corrigida nas estatísticas da Sesp. Isso quer dizer que essa queda de 3% - se é que esse índice pode ser interpretado como queda – periga ser ainda menor.
 
Para a população, mais do que a frieza dos números, importa a percepção da violência: aquela sensação pavorosa do medo iminente. Dentro ou fora de casa, o cidadão fica na expectativa que poderá sofrer algum tipo de violência. Essa ameaça constante torna a sociedade persecutória, paranóica, estressada, sem alegria. São coisas extremamente subjetivas, mas que podem fazer o eleitor mudar de opinião na expectativa de encontrar um pouco de paz viver. 

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