Sábado, 27 Abril 2024

Água: uma questão de vida e de memória

Água: uma questão de vida e de memória
A maior parte do nosso corpo é composta por água. Mas, além de sua importância para a vida humana e da biosfera, esse elemento traz o registro daquilo que foi vivido pelo próprio Planeta Terra. Por meio de seus ciclos, a água presente hoje na natureza é a mesma de eras geológicas passadas. 
 
A partir dessa relação ecológica e com a memória, o coletivo Duodreno apresenta a instalação expositiva Aquarum, na Galeria de Arte e Pesquisa (GAP) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória.
 
Mais do que visualizar um objeto artístico, o público será parte integrante da intervenção e fundamental para dar sentido à proposta artística de Aquarum. É que a instalação consiste em um poço semi-artesiano com uma profundidade de 16 metros perfurado dentro da própria Galeria, do qual será extraída a água a ser servida ao público. 
 

  
 
Para a drenagem, os freqüentadores irão contar com uma bomba tipo picota. A água do poço também será devidamente tratada para o consumo humano. Em um monitor de TV, os espectadores ainda poderão se inteirar sobre a perfuração do poço por meio do registro audiovisual desse processo.
 
Ao possibilitar a ingestão da água drenada do poço, Aquarum integrará o espectador com algo mais amplo e carregado de ancestralidade: com a memória do ato de beber a água direto da fonte. 
 
Formado pelos artistas Piatan Lube e Júlio Tigre, o coletivo Duodreno propõe, metaforicamente, provocar a passagem para o campo visível daquilo que estava invisível e vice-versa ao propor intervenções que ampliem e redimensionem o espaço expositivo. 
 
O trabalho em dupla foi resultado de uma aproximação vivenciada em 2011. Na ocasião, Piatan desenvolveu um projeto de residência artística na Galeria de Arte Casarão, em Viana, sob a orientação de Júlio Tigre. Donos de trajetórias artísticas individuais, os dois artistas, de alguma forma, já tratavam o território como componente chave de suas criações ou intervenções anteriores.
 
A exposição visa estabelecer uma nova cartografia ao considerar os extratos geológicos subterrâneos e fazer uso de uma matéria originaria: a água tem a capacidade de transferir informação para outros sistemas como os organismos vivos. Seguindo essa ideia, o público é convidado a consumir a água extraída do poço durante sua experiência com a intervenção, ou seja, haverá uma contaminação e um encontro de águas.
 
Em 2012, Aquarum foi um dos 15 projetos contemplados pela 5ª edição do Prêmio de Artes Plásticas Marcantônio Vilaça da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Essa iniciativa também conta com a parceria da Ufes por meio da Galeria de Arte Pesquisa.
 
Serviço
Aquarum pode ser conferida na Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes. Av. Fernando Ferrari, campus de Goiabeiras, Vitória. Visitação: de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Até 30 de agosto. Entrada franca.

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