Alain Resnais faz reflexão sobre a ideia de morte
Parece que Alan Resnais, diretor francês de 90 anos, quer demonstrar que ainda produz cinema com eficácia em Vocês Ainda Não Viram Nada!, seu mais novo longa-metragem.
Indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2012, o filme é uma adaptação que se baseia em duas peças do dramaturgo francês Jean Anouilh - Eurydice e Cher Antoine. O enredo começa a se desenrolar com a morte do dramaturgo Antoine d’Anthac - personagem de Denis Podalydés.
A partir daí, atores que encenaram Eurydice - uma de suas produções na narrativa - no passado são chamados à mansão de d’Anthac para a leitura inusitada de seu testamento. Em que eles devem avaliar o vídeo da jovem trupe Compagnie de la Colombe encenando o mesmo espetáculo e depois decidir se eles têm ou não autorização para tocar com o espetáculo.
Alan Resnais é conhecido por recusar a nostalgia, então esses dois momentos - do passado e do presente - vão se dissipando no decorrer da trama. A cada fala ou interpretação da trupe novata faz com que o passado e o presente sejam capazes de criar uma conexão. Essa conexão emerge no momento em que os veteranos atores também começam a rememorar o espetáculo e encená-lo.
As diferenças entre o novo e o antigo, portanto, se dispersam na medida em que a repetição de diálogos faz progredir a gravidade da tragédia - sendo transformada, ao fim da encenação, em uma só.
Nesse aspecto, a rejeição de Resnais à nostalgia fica ainda mais clara, pois aceitar o nostálgico é também aceitar falecer. E essa produção audiovisual atravessa a morte por três vezes: o filme propriamente dito, a peça de teatro encenada e o vídeo que o dramaturgo Antoine d’Anthac faz com que ele se mantenha presente, vivo - mesmo que seja em forma de memória.
Serviço
Vocês Ainda Não Viram Nada! (Vous n’avez encore rien vu, França/Alemanha, 2012, 115 minutos, 14 anos)
Cine Jardins - Shopping Jardins: Sala 1. 21h10. Sexta também 19h.
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