Sexta, 26 Abril 2024

Análise: A Delicadeza do Amor

Análise: A Delicadeza do Amor

Quando tudo parece estar completo, eis que chega um problema para atrapalhar tudo e refazer os planos da vida. Assim funcionam todos os roteiros cinematográficos, e por que não?, a vida também. A eterna pulsão de morte descrita por Freud que empurra a destruir tudo para reconstruir de novo. Muitas vezes essa força é externa e não temos nenhum controle sobre ela, mas o refazer se torna o sentido de viver.

 
 
Nathalie tem uma vida normal. Apaixonada, acaba de receber uma proposta de casamento. Tudo vai bem até que.  Daí em diante deve aprender a viver com isso - como recuperar o tempo perdido e enfrentar a vida que lhe resta?
 
Quão difícil é se desapegar de um rótulo quando este te leva pro estrelato?Audrey Tautou, a eterna Amelie, agora interpreta Nathalie (a similaridade do nome não é coincidência). 
 
Como se fosse uma possível continuação da maior produção da retomada do cinema francês, ela se encontra agora mais velha, com mais responsabilidades. Ainda é a mesma romântica que busca ajeitar a vida dos outros, mas agora olha mais para a sua.
 
Mais objetiva, sabe o que deve fazer e segue em frente. Mas a solidão não é tema para comédias românticas, e eis que aparece um novo amigo, e esse amigo pode ser algo mais, e esse algo mais pode ser.
 
Aí entra a figura de Markus. Esse sim é a Amelie do filme. Esquisito, e com um coração gigante, vai fazer tudo para ajudá-la, mesmo que para isso tenha que abster-se de si. Se Audrey Tautou ganhou um grau estético depois da fama (quem iria achá-la atraente não fosse pelo famoso papel) se torna necessário buscar alguém ainda mais esquisito para trocar de lugar. 
 
Assim aparece o feio Sueco Markus (François Damiens) e a possibilidade de recolocar a vida no lugar. No entanto fica a eterna pergunta (mais aos olhos dos outros): não será pedir pouco da vida?
 
A estética realista, nada propõe que adiciona à trama, nenhuma cor realçada, nenhum enquadramento mais elaborado, pelo contrário, uma câmera na mão que desestabiliza a imagem revelando somente uma praticidade sem significado algum. 
 
A música típica francesa dos acordeons leva a trama com a simplicidade e leveza de outras comédias românticas mais famosas. Enfim, um pastiche de Amelie sem provocação nenhuma, sem acrescentar nada, somente piorado. Estética e conceitualmente.
 
Serviço
A Delicadeza do Amor (La delicatesse, França, 2011, 108 minutos, 10 anos) 
 
Cine Jardins - Shopping Jardins: Sala 1. 19h. A partir desta sexta (17).

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