Sábado, 04 Mai 2024

Análise: ???A Espuma dos Dias???

Análise: ???A Espuma dos Dias???
Nos primórdios do cinema, a linguagem dessa nova descoberta era investigada por vários diretores, a experimentação inundava as telas e propiciava um contato muito maior com várias tendências. 
 
Foi pelo poder econômico (e militar) que a lógica estadunidense prevaleceu, relegando às tentativas menos lineares um lugar secundário e quase esquecido. Com a distribuição global desta indústria cultural, o padrão Hollywood logo se formou ampliando esta linguagem realista a todo o planeta. Torna interessante imaginar o que haveria ocorrido caso uma lógica onírica houvesse prevalecido. 
 


Dentro da casa de Colin (Romain Duris) tudo tem uma forma de ser diferente, auxiliado por seu braço direito Nicolas (Omar Sy) e por seu amigo Chick (Gad Elmaleh) vai buscar uma forma de enquadrar-se nos padrões sociais, sendo o primeiro passo encontrar uma esposa. 
 
Logo conhece Chloé (Audrey Tautou) e a história começa...  Tendo herdado uma fortuna, se vê livre do trabalho, podendo auxiliar seus amigos com presentes e empréstimos. Logo isso vai mudar.
 
O filme é um misto de surrealismo e barroco. O excesso de elementos cria não só um elemento claustrofóbico, mas uma riqueza de informação que muitas vezes não somos capaz de digerir. 
 
Baseado no célebre livro de Boris Vian, extrapola os artefatos surrealistas do autor, utilizando a criatividade do diretor na construção de caóticos instrumentos e animações. O autor não foi tão divulgado aqui no Brasil, motivo pelo desconhecimento de sua obra, que ia além da literária, também musical e dramatúrgica. 
 
Entretanto, isso parece funcionar ainda mais para o filme de Gondry, que, já conhecido por suas baixas tecnologias em superproduções, só faz aumentar a curiosidade pelo autor francês.
 
A qualidade técnica marca uma separação das outras produções do diretor, antes com um certo romantismo naîf na criação de animações e aparatos, agora faz tudo funcionar perfeitamente (ainda existe a paródia técnica onde toda tecnologia tende ao fracasso) equiparando-se a cineastas como os irmãos Quay (O Afinador de Piano, 2005) ou Swankmajer (Fausto, 1994) na utilização de animação stop motion.
 
O filme entretanto esbarra na duração excessiva. Preso ao argumento do livro, se percebe uma falta de aprimoramento no roteiro, que deixa a trama estendida e sem confrontos visíveis. 
 
A música assim como a direção de arte entra na época dos 50 (em que o livro foi escrito) ilustrando o sentimento ufanista francês, mas utilizando todos arquétipos americanos tão em voga no momento. O jazz acompanha as criações mais bizarras, passando pela dança e pelos aparatos reprodutores das canções de Duke Ellington.
 
O elenco dá suporte ao experimentalismo que cria um ambiente cômico e divertido nas entrelinhas da filmagem, mostrando incluso cenas “erradas” incorporadas no estilo Gondry de dirigir, indo além da pura ficção e registrando o momento mesmo de vivência no processo fílmico.
 
Serviço
A Espuma dos Dias (L’ecume dês jours, França, 2013, 125 minutos, 14 anos) 
 
Cine Jardins - Shopping Jardins: Sala 2. 18h50.

Veja mais notícias sobre Cultura.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sábado, 04 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/