Quinta, 02 Mai 2024

Análise: ???Bárbara???

Análise: ???Bárbara???

Ao fim da II Guerra, a Alemanha está dividida em duas, dois laboratórios sócio-políticos onde cada lado desenvolve uma estratégia distinta. O lado socialista, oriental, não vive baixo à regra do consumismo constante. Ao menos tenta, uma vez que o lado ocidental explora cada vez mais a propaganda e a variedade de produtos.

 
Barbara (Nina Hoss), que dá nome ao filme, é uma médica que trabalha no lado oriental e todos os dias depara-se com a falta de algum suprimento e vê em seus pacientes o resultado de trabalhos excessivos. 
 
Devido à burocracia corruptiva do governo, tem vantagens por ser amante de um servidor administrativo, o que proporciona um consumo exclusivo e permite acumular capital, coisa que logo é investigada pelo partido.
 


O filme é dividido entre o “mundo livre” e o socialista, onde se passa a ação. Porém, nunca vemos esta liberdade proposta do outro lado. Uma busca incessante de passar esta barreira, mas não de modo a permitir um convívio entre as duas partes, mas modificar o lado oriental para igualar o consumo. 
 
Vende-se uma ideia de felicidade fundada no consumo, e o mundo inteiro a desfruta, caem os muros políticos e a população se vende à felicidade fugaz.
 
Por nunca mostrar o outro lado da moeda, não somos capaz de indagar a realidade política de ambos os lados. O filme apresenta uma visão pessimista, onde o mal sempre permanece neste lado: a corrupção, a pobreza, o trabalho escravo, a doença e a falha. O outro lado do rio – sempre está logo ali – funciona como libertação não só material, mas como uma ideia de salvação.
 
Na colina que permite olhar o outro lado há uma cruz, que mostra resquícios de unidade entre as duas partes, e onde simbolicamente indica o esconderijo de uma esperança: o acúmulo permite a fuga desta realidade.
 
A convivência entre dois pedaços do mesmo país está mediada pelo governo que não permite que seus habitantes desfrutem de produtos do outro lado, cuja lógica do excesso é prejudicial à ideologia.
 
Um filme frio, sem cores, nem nada, escassez de objetos e atuações. A aridez do suposto socialismo é visualizada nessa privação de elementos, por esta busca por um realismo presente (será o capital e o consumo o que dá asas à imaginação?) que não possibilita a utilização de músicas nem de direção artística mais elaborada. Tudo falta.
 
Um carinho e humanismo que surge por fim do convívio entre as personagens não é suficiente para provocar nenhuma mudança visual no filme. O sistema está fadado a continuar assim até seu desmoronamento. 
 
Se alguns pensadores viram no fim dessa separação o fim de uma proposta nova para o mundo, e até mesmo propunham um fim da história, o cinema mostrou que foi a possibilidade para um mundo mais colorido e mais artístico: a arte burguesa só pode funcionar em território aliado.
 
Serviço
Barbara (Barbara, Alemanha, 2012, 105 minutos, 16 anos) 
 
Cine Jardins - Shopping Jardins: Sala 2. 17h.

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