Sábado, 18 Mai 2024

Análise: Os Infiéis


A questão da infidelidade é o tema central da história humana, desde o princípio da sociedade os valores morais, amorosos ou proprietários estiveram presentes na criação de um grupo coeso, que respeita uma série de tabus. A partir deles se pode criar uma relação (e uma sociedade). A traição de certos ideias significa romper as regras e muitas vezes causando o fim dessa relação.


Em nossa época a traição já não está vinculada a ideais (quem não se vende por poder?), mas sim ao sexo, ou ao menos é assim que a percebe a maioria dos homens.

 


 

“Os infiéis” é realizado por homens, e através desta ótica masculina (que muitas vezes chega a ser machista)mostra somente este lado, o sexual.

Através de várias sketches  realizadas por vários diretores, o tema recorrente e a recombinação do elenco é o que dá unidade à trama, mesmo sendo o início (Dirigido por Jean Dujardin – o artista, 2011) a história chave que percorre todo o discurso visual. Nesta ficção Fred (Jean Dujardin) e Greg (Gilles Lellouch) são esposos infiéis que acabam de ser interceptados após uma traição, após um momento de reflexão (dentro de um corpo feminino) decidem passar uns dias em Las Vegas para por fim a este clima estranho na relação com suas esposas.

 

O filme centra-se na pergunta chave: será a traição o lado animal que sempre trepa com qualquer coisa, e será o homem o único portador de tão aguçado sentimento? Pergunta machista e superficial como toda a trama, mas nem por isso reserva umas pequenas boas intenções ou anedotas (sobretudo às vinhetas de Alex Courtés (Desespero, 2011).

 

Ok, sempre há havido traições, mas será que a sociedade atual não investe nisso? Não será muito mais rentável para o sistema a criação de um mercado traidor? Qual o ganho de um casal estável, que ocasionalmente sai junto e não se entrega à esbornia da solteirice? Dessa forma se lucra com as festas, com o sexo, com os gastos prévios à farra (relógios, carros, roupa, e todo o kit para atrair o sexo oposto)  e principalmente com o rompimento em caso de descoberta (casa nova, carro novo, decoração nova, etc)

 

Mas em termos de sexo não cabe a reflexão, sempre quando um se mete com o outro acaba-se o prazer (seja na reflexão ou no sexo). E o filme leva isso ao ápice, ao mostrar somente o lado sexual dos garanhões. 

Por se tratar de vários curtas envolvidos a estética difere sensivelmente, mas a forma superficial e masculina de mostrar um assunto tão polêmico continua a mesma. Câmeras na mão, detalhes de rostos, zooms e uma trilha sonora descabida são somente algumas formas de se tocar no assunto, mas quando o caso é aprofundar, o glamour, o espetáculo e o explícito saem ganhando.

 

Não à toa os protagonistas escolhem o império do espetáculo para celebrar um momento de reflexão: Las Vegas. O paraíso da artificialidade vende a imagem de prazer fácil, trocando a cidade das luzes (a Paris dos protagonistas) pela cidade dos neons. 

 

Serviço

 

Infiéis ( Les Infidèles, França, 2012, 109 min, 16 anos) 

Cine Jardins – shopping Jardins. Sala 1. 21h10

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