Domingo, 28 Abril 2024

Análise: Terapia de Risco

Análise: Terapia de Risco

 

O avanço tecnológico permite uma série de facilidades para a vida atual, mas também acarreta consequências muitas vezes negligenciadas. Numa sociedade infinita, em que somente agora damos conta da possibilidade do limite (via econômica, ecológica ou nuclear), as consequências são sempre postergadas. 
 
O consumo interminável que se cura com remédios ou simples operações bariátricas também começa a apresentar efeitos colaterais. E isso assusta, perceber que é necessário algum tipo de sacrifício em meio de tanto hedonismo.
 
Jonathan Banks (Jude Law) é um psicanalista emergente, que desdobra seu tempo trabalhando em vários locais para poder pagar suas contas. Emily Taylor (Rooney Mara) o procura para resolver uma tentativa de suicídio, causada após a saída de seu marido da prisão. 
 
O que era um tratamento comum passa a ser mais complexo a partir da utilização de novos medicamentos, em que o médico ganha uma parte pela inserção no mercado. O medicamento possui vários efeitos colaterais, incluindo o sonambulismo. 
 


Um dia após a medicação, Emily mata o marido. Ela alega a inconsciência devido ao remédio, o que a livraria de penas mais severas. Alguém, entretanto, há de ser o culpado.
 
Uma narrativa constante, sem muito contraste, em que certa linearidade pode causar certa monotonia, mas que segue a lógica do tratamento. Pouco a pouco se dá o acesso a camadas mais profundas. 
 
Nessas reviravoltas da trama que ocorrem sem muito alarde reside a atração do filme, o modo como pouco a pouco percebemos como caem as máscaras e os personagens já não são tão simpáticos como eram na cena anterior.
 
A fotografia que insiste em enfocar pouco a pouco a cena, aumenta a sensação de torpor, mas também do inconsciente e do que aos poucos se revela, tal qual os traumas que surgem na terapia. 
 
Cores frias e a cercania da câmera recriam o ambiente inóspito da reclusão, que permeia a história da paciente, começando e terminando a história, uma janela com grades que aproxima ou se afasta. 
 
O filme tratado como a despedida do diretor Steven Soderbergh carrega ainda essa publicidade, para os que apreciam o trabalho do criador de Sexo, Mentiras e Videotape (1989). Um diretor que tem muitos pontos autorais e reflexivos, mas que também realiza filmes mais comerciais (Onze Homens e Um Segredo, 2011; Erin Brockovich, 2000).
 
Tocando num assunto polêmico (o mercado da saúde) o diretor constrói uma narrativa personalizada e centrada nos traumas da personagem principal, deixando assim a indústria e o consumo como ponto à parte.  
 
Serviço
Terapia de Risco (Side Effects, EUA, 2013, 106 minutos, 14 anos) 
 
Cine Kinoplex - Shopping Praia da Costa: Sala 6. 18h50 e 21h20. Quarta 18h30 e 21h.
Cinemark - Shopping Vitória: Sala 7. 14h10. Sábado e domingo também 11h40.

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