Segunda, 29 Abril 2024

Análise Uma Garrafa no Mar de Gaza

Análise Uma Garrafa no Mar de Gaza
Os acordos de paz entre palestinos e israelenses parece cada dia mais distante. Depois de várias tentativas infrutíferas, o governo israelense decidiu ampliar os assentamentos em Gaza, aumentando a ira palestina, sem outra opção para combater que não seja o combate armado. 
 
Por conta disso o derramamento de sangue continua e os milhões de habitantes da região vivem um cotidiano alarmado pela possibilidade de um ataque constante.
 
Uma garrafa é lançada ao mar. Dentro dela uma mensagem de paz, mas coberta de dúvidas: atrás do muro que separa as duas realidades haverá cidadãos semelhantes? Tal (Agathe Bonitzer) é uma jovem francesa que vive em Jerusalém e enviou a mensagem junto com seu e-mail.
 
Naïm (Mahmud Shalaby) é palestino, encontrou a garrafa e segue respondendo às dúvidas de sua nova amiga, que aos poucos vai ampliando sua visão de mundo.
 
Em plena era cibernética, com a comunicação cada vez mais avançada e com dispositivos móveis e democráticos de acesso a informação não haveria motivos para o incomunicável, a construção de uma barreira artificial que separasse dois povos. 
 
Talvez a forma mais simples de contato seja uma garrafa ao mar, símbolo de precariedade, mas também de esperança, uma vez que depende da atenção do outro, sendo uma carta escrita a todos ou a si mesmo. O isolamento imposto pelas diferenças ideológicas somente assim pode ser transposto.
 
Os preconceitos e contrastes diretos advindos da idade dos protagonistas criam uma discussão fervorosa mas simplória e didática que aos poucos vai se aprofundando devido ao posicionamento do outro numa visão conjunta. Dessa forma o amadurecimento chega rápido aos jovens, refletindo uma vida rígida, adquirida pelo temor constante de um ataque. 
 
O confronto passa a ser discutido como única forma de combate (muito em moda numa era do diálogo) resultando ser muito mais complexas as possibilidades de convivência com o inimigo ao lado.
 


O contraste entre as duas realidades se transforma e busca paralelo em imagens afins invertidas, as primeiras cenas palestinas em locais abertos e arruinados será refletida nas cenas finais israelenses. 
 
Da mesma forma, o início mostrando ambientes fechados e claros israelenses se juntará as cenas finais do outro lado, mostrando assim que aparentemente tudo se torna a mesma realidade, independente do ponto de vista.
 
A utilização do diálogo como forma de pontuar a estrutura, evitando os textos virtuais humaniza mais a narrativa e dá uma dinâmica maior ao filme, que busca ainda outros pontos de conflito em situações extremas de cada lado, seja em ataques repentinos, seja na construção de um relacionamento que é impedido de concretizar-se.
 
Uma ficção humanista que lança um olhar exterior à condição dos que habitam a região sem buscar respostas ou apoiar a nenhum lado, preferindo a ausência como caminho mais factível de resolução.
 
Serviço
Uma Garrafa no Mar de Gaza (Une bouteille a la mer, França/Canadá/Israel, 2011, 100 minutos, 12 anos) 
 
Cine Jardins - Shopping Jardins: Sala 2. 21h10.

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