Segunda, 20 Mai 2024

Baixo valor do Edital Performance Artística assusta músicos capixabas

Baixo valor do Edital Performance Artística assusta músicos capixabas
A Prefeitura de Vitória (PMV), por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Semc), lançou o Edital de Performance Artística Individual de Música. O documento irá contemplar projetos musicais em formatos reduzidos (voz e violão), apresentações instrumentais, solos ou DJs. Os premiados receberão R$ 1.000 para a realização de três pocket - shows na Capital. Ao todo 25 projetos serão contemplados a cada edição.
 
Dividido entre as três apresentações, e reduzido os impostos, o valor destinado a cada apresentação será em média R$ 260, valor que não agradou aos músicos capixabas. Segundo Junior Manfredo, vocalista da banda Manfredines, os artistas capixabas sofrem constante desvalorização, porque a única forma de tocarem e ganharem dinheiro é fazendo pequenos shows em bares que cobram couvert. Nessas apresentações noturnas, o valor pode ficar entre R$150 e R$ 300, contando com o couvert, que é cobrado na faixa de R$ 5 a R$10.
 
A secretária de Cultura, Andreia Carvalho, concorda que esse edital é ainda tímido, mas partiu de uma iniciativa de contemplar músicos solos, que requerem pouca estrutura. A proposta é realizar uma ocupação cultural na cidade, com pequenas apresentações. “Os R$ 1.000 são destinados apenas ao cachê do músico, a Prefeitura irá acompanhá-lo durante as apresentações e fornecer toda a estrutura necessária”, garante. 
 
Essas informações, entretanto, não ficaram muito claras no texto do edital e foi o que causou revolta em muitos músicos, que se sentiram desvalorizados por terem seus cachês reduzidos ao valor que ganham em bares. “É fundamental que um órgão público de cultura como a PMV, por meio da Secretária Municipal de Cultura, se fizesse exemplo como valorizador do artista noturno, porque é de onde a maioria tira seu sustento", diz Manfredo. 
 
Andreia Carvalho explicou que a intenção do edital não foi desvalorizar o artista que vive de sua arte e que, em breve, a Secretaria de Cultura de Vitória irá lançar editais que contemplem esse perfil de artista. “O edital de Performance Artística Individual é um novo formato de edital, que visa premiar aquele artista que já costuma tocar em bares ou só tem o hobby de tocar para os amigos. Pode ser um iniciante ou alguém que já toca profissionalmente”, explica. Ela também conta que o edital foi muito discutido internamente e que houve uma pesquisa de mercado para se chegar a esse valor. 
 
Em escala maior, para contemplar shows de bandas profissionais, existe o Edital de Circulação, que será lançado ainda em maio, com um valor de R$ 160 mil. Andreia ressalta que, além desse edital, a Secretaria também promove contratação de artista e sempre se preocupa em remunerá-los baseado no valor de mercado. 
 
“No edital de Performance Artística Individual, o nosso foco é em artistas que querem complementar a renda e fazer pequenas apresentações em espaços públicos e levar um pouco de música para aqueles que circulam pela cidade”, explica Andreia, que garante que a Prefeitura irá pensar em conjunto com os artistas nesses lugares aonde os músicos irão se apresentar, para que eles sejam adequados para receber a apresentação.
 
O objetivo é expandir esse formato de pequenas apresentações para outras vertentes artísticas, como a poesia e a dança. “Queremos levar a arte para o cotidiano, humanizar a cidade, por isso pensamos nesse edital”. Andreia, entretanto, admite que 25 apresentações, no valor de R$ 1.000 é uma iniciativa pequena, mas está sendo uma experiência ainda.  “Estamos abertos a sugestões e críticas para podermos melhorar as próximas propostas. Também precisamos saber como a cidade vai receber essas apresentações, a tendência é, se tudo correr bem, aumentar o valor do cachê”. 
 
Para Manfredo, a cultura em Vitória ainda precisa avançar muito, não apenas em âmbito público, mas também privado. O músico não acha justo que o cachê de um artista seja estipulado baseado em gastos como transporte, alimentação, estrutura e duração da apresentação. “O cálculo para se chegar a um valor justo de um cachê deveria começar da mesma maneira que em todo resto. Soma-se o investimento físico e intelectual e multiplica-se isso pela notoriedade profissional de cada artista. Hoje o mercado artístico capixaba se resume a um mercado de entretenimento barato, obrigando o artista a se desvalorizar para sobreviver”.

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