Movimento postou nota sobre denúncias envolvendo a Secult no fim de semana

Nos próximos meses, seis municípios do Espírito Santo vão receber as Caravanas Grito da Cultura, uma realização da Associação Cultura Capixaba (Cuca) e do movimento Grito da Cultura. A iniciativa busca promover encontros com artistas e produtores locais para conhecer a realidade de cada uma das cidades visitadas, incluindo questões como os investimentos no setor, políticas culturais e condições de trabalho no segmento.
Para o primeiro mês, a agenda ficou centrada na Grande Vitória. Nos próximos dias 6, 7 e 8 de junho, o encontro vai acontecer em Cariacica, na escola Hunney Everest Piovesan (Polivalente), no bairro Morada de Santa Fé. Nos dias 27, 28 e 29 de junho, será na Serra, com local ainda a definir. Depois as caravanas vão seguir para o interior, passando por Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado (22, 23 e 24 de agosto); Aracruz (25, 26 e 27 de julho) e Conceição da Barra (19, 20 e 21 de setembro), no norte; e Anchieta, no litoral sul (17, 18 e 19 de outubro).
Por meio das caravanas, os artistas vão ter a possibilidade de participar de um espaço de educação popular, construção coletiva e articulação, culminando na elaboração de propostas para criação de políticas culturais, a serem entregues para o poder público. Em cada edição, haverá também apresentações culturais locais, banquinhas de livros e exposição de artes.
As caravanas vão acontecer em três dias, sempre no fim de semana. Na sexta-feira, os organizadores visitarão espaços culturais, grupos e coletivos para o reconhecimento do território e mobilização do público. No segundo dia, com os trabalhadores reunidos e mobilizados, haverá um momento de escuta, bem como aulão sobre política cultural e apresentações de artistas locais.
No domingo, a programação será dedicada à construção de propostas, apresentações culturais e o chamado intercâmbio entre cidades. Nesse intercâmbio, um representante da caravana da cidade anterior e um representante do próximo município a receber o evento vão compartilhar suas experiências.
“O objetivo das Caravanas é conhecer a realidade do trabalho na cultura e das políticas culturais nos diversos municípios do Espírito Santo e propor uma pauta unificada, com propostas elaboradas por trabalhadores de diferentes territórios. A gente chega na cidade para escutar, compartilhar conhecimento e construir caminhos juntos”, diz Karlili Trindade, integrante do Grito da Cultura.
Na primeira edição, realizada em abril de 2023, em Guarapari, na região metropolitana do Estado, o diagnóstico elaborado pelo Grito da Cultura junto a trabalhadores do setor acolheu reivindicações e sugestões divididas em oito itens: mapeamento e divulgação do patrimônio; audiência pública sobre a Casa da Cultura e a Praça da Bússola; calendário de atividades da cidade; infraestrutura e equipamentos; descentralização e acesso à cultura; adesão aos programas do Governo do Estado e às leis federais; turismo de base comunitária; políticas afirmativas e ações de enfrentamento às violências.
Denúncias na Secult
As caravanas ocorrem em meio a denúncias de irregularidades envolvendo a Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Na última quinta-feira (15), uma reportagem de Século Diário revelou que uma empresa ligada ao irmão do secretário Fabrício Noronha foi habilitada para captar recursos por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (Licc). A empresa também forneceu serviços a diversos projetos que receberam recursos da Secult, seja por meio de editais ou de convênios.
No sábado (16), o Grito da Cultura postou uma nota nas redes sociais abordando o assunto. O texto questiona o motivo de “o silêncio imperar” sobre os supostos “escândalos de corrupção”. A nota argumenta que existe “muito peixe grande envolvido e trabalhador da cultura é ‘isquinha’ de peixe”, citando a dependência de quem trabalha no setor à boa vontade governamental.
“Trabalhadoras(es) atuam em ONGs contratadas pelos governos e nos conglomerados de CNPJs que conseguem as maiores fatias do orçamento da cultura. Uma forma de silenciamento institucional muito eficaz, afinal, quem vai querer perder um trabalho precário com um orçamento garantido, não é mesmo?”, diz um dos trechos.
A nota termina com uma conclamação: “Portanto, pra casa-grande tremer, só a senzala fazendo muito barulho. ‘Bora gritar?”.