Sexta, 29 Março 2024

Carnaval de Congo une fé, dança, resistência e música popular em Roda d'Água

roda-dagua-missa-FotoClaudioPostay-PMC Claudio Postay/PMC

Os congos mais conhecidos da tradição capixaba voltaram a ecoar ao som dos tambores e das casacas no Campo do América, onde aconteceu, nesta segunda (25), o Carnaval de Congo de Roda d'Água. A programação uniu fé, dança, resistência e música popular, reunindo milhares de pessoas de diversos lugares para homenagear a padroeira do Estado, Nossa Senhora da Penha, e manter viva uma tradição que começou nos tempos da escravidão e que é aguardada com ansiedade ano após ano.

A festa começou com um momento celebrativo. A missa congueira, como é chamada, teve início após uma procissão com a imagem de Nossa Senhora da Penha. Em um evento cuja origem está na resistência do povo negro escravizado, o padre Carlos Antônio da Conceição, da Paróquia Bom Jesus, em Cariacica, foi assertivo em sua homilia, que foi um grito de basta ao racismo, à LGBTfobia, à transfobia, à desigualdade social e ao genocídio indígena, lembrando os excluídos. "É inadmissível que essas esquisitices continuem acontecendo em nosso meio", destacou. 

Claudio Postay/PMC

Para mandar o recado, o sacerdote utilizou até mesmo linguagem inclusa. "Que entendamos de forma definitiva que o que tu queres, ó, mãe, para nosso Brasil, é uma nação unida, integrada. Que possamos sentir que é possível conviver com as diversidades, que é possível o diálogo religioso, interreligioso, que é possível a convivência pacífica com as demais religiões, que é possível deixar de lado as diferenças, tudo que desune, e abraçar o que nos une, em prol da construção de uma nação na qual seus filhos, filhas, todos, todas, todes, tenham vida digna, sejam respeitados", disse.

Claudio Postay/PMC

O sacerdote clamou ainda para que tenha fim "a fome que assola, que dizima, que mata tantas vidas", além do "desemprego neste país tão rico e diverso". Após a missa, o Campo do América ficou tomado pelas bandas de congo de Roda d'Água e outros municípios.

A dançarina da banda São Benedito de Piranema, do bairro Piranema, em Cariacica, Maria Aparecida Gomes de Araújo, relatou a emoção de retornar ao Carnaval de Congo de forma presencial depois de dois anos no formato virtual em decorrência da pandemia do coronavírus. 
"O coração não cabe no peito. A alegria é enorme, imensa. Foram dois anos fazendo vídeo para não deixar essa cultura morrer. Hoje está tudo lindo. Os tambores falam por si, não sei nem como mensurar a emoção deste momento", diz.

Mestre Dorinho, da Banda de Congo Piapitangui, de Viana, acredita que o evento é uma prova da união entre as bandas. "O carnaval é muito importante. A cultura do congo é de grande amizade. O evento em Roda d'Água foi um sucesso, eles estando felizes, as outras bandas também estão", destaca.
Claudio Postay/PMC

A festa se encerrou às 18h, com a Ave Maria, acompanhada de tambores de congo e show pirotécnico. A região de Roda d'Água conta com as seguintes bandas de congo: Mestre Tagibe, São Sebastião de Taquaruçu, Santa Izabel, São Benedito de Boa Vista, Unidos de Boa Vista e São Benedito de Piranema, além da banda de congo mirim do Mestre Tagibe. Também participaram do evento bandas dos municípios de Vitória, Viana, Vila Velha, Serra e Fundão, na região metropolitana; e Fundão e Aracruz, no norte.

Claudio Postay/PMC

A festa é tradicional na região e conta com um personagem que existe somente nessa localidade, o João Bananeira. Com o rosto coberto por uma máscara e o corpo por folhas de bananeira, pessoas da comunidade encarnam o personagem e acompanham os cortejos e todo o restante da programação. Conta-se que João Bananeira surgiu na época da escravidão, quando os negros usavam esse artefato para não serem identificados durante as festividades em homenagem à padroeira do Espírito Santo.

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Comentários: 2

Castorina Maria Avelar Borges em Quarta, 27 Abril 2022 14:55

Faltou,parabenizar o Presidente do Congo de Roda d'água o Mestre Jefinho o Jeferson de Azevedo pelo sucesso do Carnaval de congo e Máscaras,que suou a camisa com seu empenho para que a festa saísse em tempo e o sucesso que foi.

Faltou,parabenizar o Presidente do Congo de Roda d'água o Mestre Jefinho o Jeferson de Azevedo pelo sucesso do Carnaval de congo e Máscaras,que suou a camisa com seu empenho para que a festa saísse em tempo e o sucesso que foi.
Gildo Lyone Antunes de Oliveira em Quinta, 28 Abril 2022 09:02

Parabenizo o padre Carlos Antônio pela leitura profética da Palavra de Deus Pai e Mãe. A defesa do "diálogo religioso, interreligioso, da convivência pacífica com as demais religiões........ abraçar o que nos une, em prol da construção de uma nação na qual seus filhos, filhas, todos, todas, todes, tenham vida digna, sejam respeitados", em tempos sombrios como os que vivemos atualmente, e que ameaçam princípios civilizatórios como os direitos humanos, é de fato uma postura que deveria ser seguida por todas as lideranças religiosas de nosso país. O "coração " do Evangelho bate mais forte onde a defesa da vida para todos@s é levantada todos dias. Assim professa a comunidade do evangelho de João " O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham plenamente." Jo. 10,10.

Parabenizo o padre Carlos Antônio pela leitura profética da Palavra de Deus Pai e Mãe. A defesa do "diálogo religioso, interreligioso, da convivência pacífica com as demais religiões........ abraçar o que nos une, em prol da construção de uma nação na qual seus filhos, filhas, todos, todas, todes, tenham vida digna, sejam respeitados", em tempos sombrios como os que vivemos atualmente, e que ameaçam princípios civilizatórios como os direitos humanos, é de fato uma postura que deveria ser seguida por todas as lideranças religiosas de nosso país. O "coração " do Evangelho bate mais forte onde a defesa da vida para todos@s é levantada todos dias. Assim professa a comunidade do evangelho de João " O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham plenamente." Jo. 10,10.
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