Sexta, 03 Mai 2024

Com dois livros, Cousa lança a coleção Cousa Nostra

Com dois livros, Cousa lança a coleção Cousa Nostra

De um lado a violência e a libertinagem do rock’n roll, do outro a suavidade e a leveza da música ambiente. Os livros Catamaran e Música de Mobília são os primeiros volumes da coleção Cousa Nostra da Editora Cousa e também a estreia dos jovens escritores Leandro Reis e Daniel Vilela, respectivamente. O evento de lançamento das obras será nesta quinta-feira (28), no meio da Rua Sete de Setembro, próximo ao bar do Nei, no Centro de Vitória. Os dois livros serão vendidos juntos por R$ 5.

 
Catamaran é uma reunião de contos, mas pode ser lido como um romance devido à ligação entre as histórias, sempre aos mesmos personagens: um grupo de meninos de vinte e poucos anos que pertencem a uma banda de rock. 
 
Leandro Reis abusa do trio sexo, drogas e rock’n roll e fala de muitas coisas que cercam o cenário do rock, como arrogância, decadência e hedonismo. “A música, na verdade, foi também uma ferramenta pra utilizar no texto. Muito do ritmo do livro tem a ver com cadência de acordes, às vezes é algo mais acelerado, às vezes mais lento”, explica.
 
O autor conta que quase todos os títulos são nomes de músicas. Tem Lobão, Radiohead, Sparklehorse, The Doors, Black Sabath, e os personagens são inspirados em ícones do rock. “O Lou, cantor, nasceu do Lou Reed. O Johnny Yen, de Lust for Life, do Iggy Pop: ‘Here comes Johnny Yen again / With the liquor and drugs’. Adoro essa imagem”, conta Leandro.
 
Mas, o livro utiliza-se das referências musicais para falar do ser humano, do sujeito inadequado, que vive à margem e em crise existencial. Para fugir dos clichês, o autor se propôs um exercício de autoconhecimento. Entretanto, ele afirma que “não houve - é bom dizer - muito exercício autobiográfico, o livro é feito de representações. Mas aquilo tem que sair de algum lugar. A dor que está ali é real”.
 
Também se aproveitando da música para compor sua narrativa, Daniel Vilela escreveu o romance Música de Mobília. O título é um termo cunhado pelo pianista e compositor francês Erik Satie para certas melodias que se confundem com o ambiente. “Como o romance lida muito com essa ideia de ambientes, de fragmentos literários que mais procuram ser fiapos narrativos do que uma narrativa plena, creio que eu não poderia buscar outro título senão esse”, declara.
 
A narrativa do romance Música de Mobília foca uma semana de férias de um adolescente, em meio a uma frente fria. O livro é dividido em sete dias, cinco dos quais constituem capítulos estruturados em Dias Ímpares e Dias Pares, propondo fios narrativos que unem diferentes tempos.
 
“Talvez, seja uma leitura que deixa a pessoa um pouco à deriva, porque ela é muito mais afetiva, depende muito mais que o leitor se embaralhe e se engalfinhe com a obra, do que ir lendo e entendendo palavra por palavra, parágrafo por parágrafo”, explica Daniel. 
 
O autor também conta que essa literatura mais intimista vem do contato com uma parcela da filosofia mais ligada às questões spinozianas, que se colocam num plano mais dos afetos do que da cognição. 
 
Passo a passo até a publicação
A Coleção Cousa Nostra é o início de um selo editorial que irá reunir a nova literatura produzida no Espirito Santo. Os dois jovens escritores foram os escolhidos para inaugurar as publicações pela qualidade e originalidade das obras apresentadas. 
 
Daniel Vilela, de 22 anos, é formado em Comunicação Social pela Ufes e começou a escrever apenas no final de 2009, publicando contos na Revista Graciano, publicação online do grupo de discussão e produção literária Cronópio. Em 2011, ele foi selecionado para o edital da Rede Cultura Jovem para escrever Música de Mobília.
 
Depois de pronto e publicado na internet, Daniel conta que um amigo indicou a obra aos editores da Cousa que gostaram do livro e sugeriram a publicação. “A partir daí, buscamos o financiamento - que, no caso, foi público - e que permitiu que a coleção Cousa Nostra fosse paras ruas, levando tanto o meu livro quanto o do Leandro”, conta Daniel.
 
Assim como Daniel, Leandro também concluiu sua obra como integrante do Programa Rede Cultura Jovem, em 2011, e começou publicando textos na Graciano. O escritor é também graduando em Comunicação Social na Ufes e conheceu o editor da Cousa Saulo Ribeiro, quando o escritor foi entrevistado pelo grupo Cronópio. 
 
“Quando eu estava terminando de escrever o livro, falei com ele que iria mandar o arquivo para ouvir sua opinião e, quem sabe, tentar uma publicação. Por algum motivo, ele gostou do livro e aí começamos a correr atrás da publicação”, conta.
 
Serviço
O lançamento dos livros Catamaran e Música de Mobília acontece nesta quinta-feira (28), a partir das 19h, em frente ao Bar do Nei. R. Sete de Setembro, Centro, Vitória. As duas obras sairão por R$ 5.

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