Conceição da Barra respira cultura por uma semana
“Eu nunca me esqueci de onde vim, o lugar que cresci faz parte da minha formação artística”, diz Didito Camillo. Nascido em Conceição da Barra, ele é homem por trás da primeira edição do Pocar - Festival de Cultura, que começa nesta quinta-feira (24), em Conceição da Barra. O evento vai durar sete dias com uma extensa programação gratuita, que envolve teatro, shows, apresentações folclóricas, oficinas, debates e exposições.
Didito é um dos fundadores da Estandarte Cia de Teatro, de Ouro Preto (MG), e sempre quis dar um retorno cultural a sua cidade natal. A oportunidade veio quando Praça Central de Conceição da Barra foi tombada como Patrimônio Histórico e Cultural do Espírito Santo. “Comecei a articular a população e amigos artistas para comemorar o título com um festival de diversas atrações culturais”, conta.
Além disso, a tradição folclórica do município da região de Sapê do Norte já tinha encantado sua companhia de teatro, que tem como fonte de inspiração e pesquisa as manifestações artísticas de rua como o teatro mambembe e a música. “Quando estávamos escrevendo O Pescador Mentiroso visitamos Conceição da Barra e todos gostaram do clima bucólico, do folclore e do povo”, conta Didito.
“Por ser um ambiente familiar e cercado pela natureza, o município tem muito potencial para se tornar um point do turismo cultural”, completa o barrense. O objetivo de Didito com o festival é regatar o turismo cultural, valorizando e incentivando os grupos folclóricos, as bandas locais e a manifestações tradicionais.
Artistas e grupos de vários lugares do país se sensibilizaram com a proposta do Pocar e se ofereceram para montar atrações. O ator Rodrigo Robleño fará o palhaço Vira-Lata, destaque, por quatro anos consecutivos, no espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil. Outro destaque é o espetáculo O Tropeço, da Tato Criação Cênica (Curitiba), no qual dois atores manipulam suas mãos e dão vida aos personagens.
O show do grupo cênico-musical, Os Plantas, promete ser um dos pontos fortes do Festival. A companhia fará uma apresentação reunindo importantes influências musicais, ao mesclar um repertório de músicas autorais a canções de Gilberto Gil, Tom Zé, Adoniran Barbosa, Noel Rosa e Grupo Rumo.
Didito, além de idealizar o Pocar, participa da programação do festival com o monólogo O Pescador Mentiroso, inspirado na tradição oral da cidade, uma homenagem a Mané Bode, falecido pescador, famoso por suas histórias. A sua Estandarte também se apresentará com três espetáculos: Causos de Brasêro, História de Gente e Meio Ambiente e O Causo de Geraldo ou a Infinita História de Amor em 7 Noites de Lua Cheia.
As manifestações folclóricas também mereceram um lugar de relevância na programação do festival. O evento conta com a apresentação do tradicional Ticumbi de São Benedito do Mestre Terto, com origens no Quilombo do Negro Rugério.
Apenas a atração Musicircus, da Cia Navegante, precisou ser cancelada. O pai do marionetista Catin Nardi faleceu e ele precisou voltar para a Argentina.
Também integram o evento, oficinas e debates sobre os rumos do turismo e da produção cultural na região. Sobre esse tema, Didito conta que haverá uma palestra para trocar informações sobre turismo cultural e também ideias para manter o festival, reforçar as parcerias já conquistadas e conseguir patrocínio para o próximo.
A intenção do artista é fazer um festival anual, em todo o janeiro. Mas falta apoio para concretizar sua ideia, já que essa primeira edição do Pocar foi toda feita sem patrocínio, apenas com a solidariedade.
“A população abraçou o projeto e ajudou como pode. Os artistas vieram de carro, não tínhamos como bancar o transporte. Para a alimentação e a hospedagem fizemos parcerias com comerciantes locais, mas muita coisa tive que tirar do meu bolso. Inclusive o apoio da prefeitura ainda não chegou”, desabafa o barrense.
Serviço
Veja mais notícias sobre Cultura.
Comentários: