Terça, 07 Mai 2024

Fábio Carvalho constroi retrato afetivo de Mestre Antônio Rosa

Fábio Carvalho constroi retrato afetivo de Mestre Antônio Rosa
Fábio Carvalho salienta: “Eu sou músico, não sou cineasta”. Mas a condição de “estranho” no universo audiovisual não o impediu de se lançar numa jornada honesta para reverenciar ao seu modo, num filme, um dos principais mestre de congo do Espírito Santo. E com quem, isso é importante, erigiu uma sólida e estreita relação, intelectual-afetiva-moral-cultural. 
 
Não poderia deixar de ser esse seu grande trunfo no documentário O Congueiro do Santo Preto, que Carvalho lança nesta quinta-feira (12) no Cine Metropolis, na Ufes. Foram mais de 10 anos de convivência. Carvalho conheceu-o aos 18 e hoje tem 43; Antônio Rosa faleceu em 1999. “Mestre Antônio Rosa deu o pontapé inicial em minha vida”, diz.
 

 
Se houve alguém que zelasse com afinco pela Festa de São Benedito da Serra, indubitavelmente um desses “alguéns” chama-se Mestre Antônio Rosa. Nascido na Serra em 23 de janeiro de 1923, devotou-se a vida ao bom andamento daquela que é hoje a maior Festa de São Benedito do Espírito Santo e, no geral, à preservação do congo capixaba. 
 
Morador da Serra desde os 11 anos, Fábio estava completando 18 quando conheceu esse fervoroso devoto de São Benedito. A prima lhe presenteara com um ícone do santo e ele foi à festa benzê-lo. Daí para frente estabeleceu-se uma convivência regular com seu grande mestre - embora Fábio considere igualmente os outros mestres de sua relação.
“Por muito tempo ele encourou os tambores do Mahnimal”, recorda.
 
Fábio traz à tona uma frase fundamental que o mestre sempre lhe dizia, mesmo quando submetido a sessões de hemodiálise: “Fábio, os velhos estão morrendo e os novos não estão querendo participar da brincadeira”. Essa máxima orientou-o na criação em 1999 do vitorioso projeto Congo na Escola, em Vitória.
 
A ideia de O Congueiro do Santo Preto nasceu há 10 anos, mas só começou a ganhar contornos em 2006, quando o projeto passou na Lei Chico Prego, da Serra. As filmagens ocorreram entre 2007 e 2008. Mas tarde, porém, o recurso obtido se revelaria ainda insuficiente. O filme só seguiu em frente após o projeto passar também na Lei Rouanet. O teste no cinema foi realizado sexta-feira (6) e tudo correu bem.
 
Entremeado à trajetória da Festa de São Benedito serrana, Fábio construiu em 25 minutos um retrato em três perspectivas do mestre: o devoto, o festeiro e o homem. “É uma homenagem a Mestre Antônio Rosa”, define o diretor, para quem o Espírito Santo tem o problema de não reconhecer seus ícones. 
 
A linha-mestra no entanto é a luta que durante muito tempo o mestre travou para a conservação das bandas de congo, se dedicando à manutenção dos instrumentos das bandas da Serra e de muitas do Espírito Santo, e da Festa de São Benedito da Serra.


O documentário ampara-se em entrevistas: entre os entrevistados estão a viúva Dona Lolinha, a filha Terezinha Pimental e os netos Ramon e Rodolfo. Conta também imagens de arquivo, algumas extraídas do curta Maestro de Bino Santo, de 1971, dirigido por Ramon Alvarado (RJ).
 

                


Mestre Antônio Rosa faleceu em 3 de agosto de 99. Além da luta para a conservação da festa e das bandas, ele foi fundamental na organização formal dos congueiros com a criação da Associação das Bandas de Congo da Serra (ABS), em 1986, a qual presidiu por muito tempo e que inaugura nova sede neste sábado (14). 
 
A ABC deixa o abrigo provisório que lhe deu o espaço para exposição de objetos da identidade local e cujo nome é bem apropriado: Casa de Congo Mestre Antônio Rosa.
 
Serviço
O Congueiro do Santo Preto será lançado nesta quinta-feira (12), às 20h, no Cine Metrópoles, na Ufes. Av. Fernando Ferrari, campus de Goiabeiras, Vitória. Haverá apresentação da Banda Congo Folclórico de São Benedito e das crianças do projeto Congo na Escola. Entrada franca.

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