Segunda, 20 Mai 2024

Festa comemora abolição da escravatura na próxima terça-feira

Festa comemora abolição da escravatura na próxima terça-feira
“Princesa foi-se embora / escreveu no papelão/ quem quiser comer / que trabalhe com as próprias mãos”, esse é o trecho de uma das canções que serão entoadas durante as comemorações do 13 de maio: Raiar da Liberdade. O evento, que segundo a tradição oral, começou em 1888, acontece nesta terça-feira (13), a partir das 19h, na Comunidade Quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado.
 
No dia haverá apresentações de diversos grupos de Jongos, Folias de Reis, Charola e Bate Flechas de São Sebastião, Capoeiras, Maculelês, Quadrilhas e, claro, Caxambus - dentre os quais, o Caxambu Santa Cruz, um dos primeiro grupos a comemorar a data ainda dentro das fazendas de açúcar e café do Brasil do século XIX. Além da tradicional feijoada, que sempre é servida ao público. 
 
Desde 2000, o evento é organizado em parceria com a Associação de Folclore de Cachoeiro de Itapemirim e pelo gestor de projetos culturais Genildo Coelho Hautequestt Filho. “O evento é da comunidade, a associação é apenas um agregador. Identificamos os principais eventos folclóricos do Estado e auxiliamos a comunidade a captar recursos. Infelizmente, esses eventos sofrem com o preconceito, principalmente do poder público, devido à religiosidade e, por isso, enfrentavam dificuldades, como a falta de apoio”. 
 
O produtor conta que este é o primeiro ano que o evento vai contar com patrocínio do governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, que contemplou o grupo com o edital de chamamento público para eventos. “Com uma representação forte conseguimos convencer o pode público da importância do folclore e, assim,  financiar projetos além do evento, como livros e documentários que valorizam as expressões culturais e criam um registro posterior”, garante.
 
 
O evento vem crescendo a cada ano. Antes era feito apenas com doações e com patrocínio privado. Com apoio do governo, mais grupos vão poder participar porque agora haverá ônibus para fazer o transporte. Ano passado, foram servidos mil pratos de feijoada, para este ano espera-se que o número aumente. “A festa é muito maior que o apoio financeiro, e sempre acontece com ou sem ele”. 
 
Vinte grupos já confirmaram presença e o Raiar da Liberdade vai reunir comunidades quilombolas de Alegre, Jerônimo Monteiro, Cachoeiro de Itapemirim, Muqui, Presidente Kennedy e Anchieta. O próximo passo para a comunidade é transformar o evento em patrimônio imaterial. “O evento é o mais antigo evento folclórico do Espírito Santo, mas para conseguirmos o tombamento, precisamos reunir alguns documentos e os registros das festas”, explica. 
 
Este ano, em especial, o Raiar da Liberdade será todo filmado, desde a produção até as apresentações. O objetivo é produzir um documentário com as imagens. Outro projeto da associação é a produção de um site que reúna as informações de todos os grupos. 
 
Maria Laurinda Adão, mestre de caxambu que organiza a festa há 50 anos, responsabilidade que recebeu da mãe, conta que a primeira comemoração aconteceu no dia da assinatura da Lei Áurea e segue até hoje. “O Raiar da Liberdade é a nossa forma de lembrar desse dia, a festa não nos deixa esquecer a importância da liberdade”, diz.
 
Serviço
 
O Raiar da Liberdade será realizado nesta terça-feira (13), a partir das 19h, na comunidade quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim. Mais informações www.folclorecachoeiro.org

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