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Festa de Cachoeiro vai de orçamento de apenas R$ 100 a cachê de R$ 175 mil

Gestão de Theodorico Ferraço direcionou verba de lei de incentivo para evento

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Na semana que vem, de 25 a 29 de junho, vai acontecer a programação cultural da Festa de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado. O evento contará com atrações nacionais, como o grupo de axé Jammil e Uma Noites e dupla sertaneja Bruno e Barreto. Entretanto, inicialmente, a Festa possuía apenas R$ 100 de verbas previstas, e a gestão do prefeito Theodorico Ferraço (PP) causou polêmica ao usar R$ 140 mil da Lei Rubem Braga – principal mecanismo de fomento a artistas locais – para recompor o orçamento.

Ferraço recebeu o orçamento da gestão anterior, de Victor Coelho (PSB). Em comparação, Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 para Cachoeiro previa R$ 745 mil para a Festa, mas, segundo informações do Portal da Transparência municipal, os pagamentos finais ficaram em R$ 1,3 milhão. Coelho, portanto, deixou para o seu sucessor se resolver depois com as contas da área cultural.

Segundo dados do Diário Oficial do Município, o maior cachê entre os artistas contratados é o da dupla Bruno e Barreto, R$ 175 mil. Jammil e Uma Noites ficará com R$ 150 mil; a cantora católica Eliana Ribeiro, com R$ 100 mil; o The Fevers vai receber R$ 65 mil; os gastos com rodeio vão ficar em R$ 80,1 mil. Já o artista local Jorge Roberto de Morais Júnior terá cachê de R$ 4,3 mil.

Os R$ 140 mil retirados da Lei Rubem Braga não são suficientes nem mesmo para pagar o cachê de parte dos artistas mais famosos, mas fazem falta aos pequenos fazedores de cultura, que contam com minguados recursos para fazer seus projetos. A Prefeitura de Cachoeiro alegou que a realocação de recursos é temporária, mas os artistas questionam da onde vai sair essa verba de recomposição e querem garantias da gestão.

Na semana passada, Ferraço decidiu jogar a questão da Festa de Cachoeiro “para a plateia”: abriu uma enquete nas redes sociais perguntando “qual a prioridade que a gestão deve ter”. As respostas possíveis eram: “investir milhões em shows nacionais”; “priorizar nossa saúde pública”; “investir mais em segurança”; “deixar nossa cidade bonita de novo”.

As reações dos usuários variaram. Uma pessoa aproveitou para cobrar pagamento do piso nacional do magistério na base da tabela dos servidores. Outra defendeu que educação, saúde e segurança devem, sim, ser tratados como prioritários. Outros defenderam um “equilíbrio”, que a festa é importante também economicamente, e que a programação, inclusive, “deixou a desejar”.

Mas talvez tenha faltado à enquete questionar se a prioridade é fazer uma festa com artistas nacionais uma única vez no ano ou direcionar investimentos mais robustos em cultura o ano todo, garantindo o direito a cultura e lazer por parte da população.

É verdade que uma festa municipal tem valor simbólico importante, e boa parte da população deseja, legitimamente, conferir apresentações de artistas nacionais de renome. De todo modo, o caso provoca reflexões sobre as disparidades econômicas no campo cultural.

Além disso, artistas e produtores culturais de Cachoeiro pedem que a devolução dos valores da Lei Rubem Braga se dê com a mesma celeridade empregada na recomposição do orçamento da Festa de Cachoeiro – e por que não pensar em elevar a quantidade de recursos total destinado ano a ano ao mecanismo de incentivo, estacionado em R$ 650 mil desde o início da gestão de Victor Coelho.

Século Diário solicitou à gestão de Theodorico Ferraço o orçamento atualizado da Festa de Cachoeiro, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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