Quarta, 01 Mai 2024

Há 30 anos, o Espírito Santo perdia o cantor Aprigio Lyrio, um dos grandes artistas do Espírito Santo

Há 30 anos, o Espírito Santo perdia o cantor Aprigio Lyrio, um dos grandes artistas do Espírito Santo
Era 1968 quando o destino pôs Ester Mazzi e Aprigio Lyrio na mesma turma da faculdade de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). “No dia seguinte, ele já estava lá em casa, cantando e tocando violão”, recorda a cantora, desfazendo-se em saudades. 
 
Dali em diante,foram anos maravilhosos de um convívio intenso, até o dia 10 de outubro de 1983, quando um frágil e desencantado Aprígio caiu do quarto andar do Edifício Joana D'Arc, no Centro de Vitória. Aos 33 anos morria um dos maiores cantores que o Espírito Santo já conheceu.
 
“Aprigio era um homem culto, inteligente, irreverente no seu cantar, mas ao mesmo tempo doce. Foi o maior cantor do Espírito Santo de todos os tempos. E era um homem lindo”, diz Ester, uma verdadeira guardiã do patrimônio artístico de Aprigio. 
 

  
 
Em 2009, ela e o jornalista Rubinho Gomes produziram e editaram o disco duplo A Voz do Espírito Santo, que reuniu o álbum Agite Antes de Usar (1987) e também material gravado ao vivo em shows no Teatro Carlos Gomes. É um projeto fundamental para a preservação da memória do cantor.
 
Aprigio apareceu no cenário capixaba no mesmo 68, quando, com Meio Mastro, de Chico Lessa, foi o maior intérprete do I Festival Capixaba de Música Popular. No ano seguinte, como frontman d’Os Mamíferos, com Afonso Abreu (contrabaixo), Mário Ruy (guitarra), Marco Antônio Grijó (bateria) e Arlindo Castro (flauta), balançou cena com uma proposta musical irreverente e vanguardista. 
 
Ester lembra o homem generoso, de “coração do tamanho de um trem”, e do cantor delicado. Do amigo e “grande amor da vida”, como manifestou mais de uma vez, guarda apenas boas lembranças. Tinham uma empatia mútua, que nasceu sem esforço, e uma incrível afinidade musical. Tudo o que um gostava, o outro, idem, especialmente jazz e MPB. 
 
Ela lembra especialmente as inúmeras viagens que fizeram juntos a São Paulo e Rio de Janeiro para fins de imersão cultural. Ela conta que assistiram uma temporada de shows de Caetano Veloso, vários dias em uma semana. Lembra também que Aprigio cantava muito para ela uma canção chamada Pra lhe Conhecer, de Rogério Coimbra e Sérgio Régis. “Uma música lindíssima”, diz.
 
Nos derradeiros quatro anos de vida, Aprigio afundou no alcoolismo. Ester desconhece as causas desse mergulho autodestrutivo. O telefone da sua casa de repente emudeceu; os amigos desapareceram. Aprigio foi internado numa clínica em São Paulo. Até apresentou melhora, mas não houve acompanhamento posterior. A história acabou tragicamente. 
 
“Foi uma história muito bonita, muito cuidadosa para ninguém machucar ninguém”: assim Ester define sua história com Aprigio Lyrio.

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