Sexta, 19 Abril 2024

Lixo extraordinário

Lixo extraordinário

 

 
“Lies, lies, lies / You love those lies”, canta ironicamente Shirley Manson na primeira faixa de Not Your Kind of People (2012). A vibrante Automatic Systematic Habit é perfeita para abrir o disco, que revela que o Garbage manteve seu estilo mesmo depois de sete anos parado. A banda, que se formou nos anos 1990, ficou praticamente o ano de 2011 inteiro em estúdio para produzir as músicas do sucessor de Bleed Like Me (2005).
 
A temática dramática e pessimista, característica das letras de Shirley, permanecem em Not Your Kind of People, mas com um tom menos sombrio e mais maduro. O primeiro single, Blood For Poppies, sintetiza muito bem essa nova fase do grupo, na qual prevalecem as batidas eletrônicas e dançantes e muitos efeitos com sintetizadores na voz de Manson. 
 
A faixa seguinte, Control, segue a mesma linha musical, porém com uma bateria mais agressiva e uma pegada mais grunge nas guitarras, com a voz sensual de Shirley fazendo o contraponto ideal. Essa mistura, que é a base do estilo do Garbage, é resultado do trabalho do baterista e produtor Butch Vig, que carrega na bagagem produções como o antológico Nevermind (1991), do Nirvana, o Siamese Dream (1993), Smashing Pumpkins, e o Dirty (1992), do Sonic Youth. 
 
O clima do disco esfria um pouco com a balada Not Your Kind of People. A guitarra arrastada e a voz sussurrada de Shirley deixam a música depressiva e linda, ela acaba se destacando das demais. Outra canção lenta é Sugar, que lembra as antigas baladas do Garbage, como a famosa You Look So Fine, do segundo álbum da banda, Version 2.0 (1998).
 
O eletro-rock volta nas faixas Battle in Me e Man On a Wire, nesta última a vocalista canta que ressuscitou e está transformada, “I was like a volcano, just waiting to explode / I have been resurrected, reborn, and I have been transformed”. As letras raivosas prevalecem no disco, mas Shirley baixa um pouco a guarda em The One, no verso “You might be the one, the one for me”, o ápice da sua delicadeza.
 
Mas ela logo deixa essa suavidade de lado na canção feminista What Girls are Made of. A música começa com uma escala de baixo e a guitarra, bem suja, só entra no refrão, mostrando a força da canção. Mesmo o momento atual da banda sendo diferente do anterior, quando havia poucas garotas liderando bandas de rock, Shirley continua com a mesma postura contestadora. 
 
O tempo parece não ter passado para o Garbage, que segue com a formação original; Shirley nos vocais, Steve Marker, guitarra e teclados, Duke Erikson, baixo e teclados e o baterista Butch Vig. O aspecto sonoro também quase não sofreu modificações, só está mais dançante e vibrante, mas totalmente familiar.

Veja mais notícias sobre Cultura.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sexta, 19 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/