Ato remarcado para janeiro busca enfrentar ofensiva conservadora, destaca Vênus Pereira
Em defesa de políticas públicas LGBTI+ e contra o avanço de leis antigênero e projetos de censura, o 9º Manifesto LGBTI+ de Guarapari reunirá apresentações e coletivos culturais no próximo dia 11 de janeiro (domingo), no Centro da cidade. Organizado pela Associação Diversidade, Resistência e Cultura (ADRC), o ato estava marcado para novembro, mas precisou ser reagendado após a previsão de temporal. A edição tem como tema “Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo: Por Políticas Públicas LGBTI+” e cobra do poder público municipal a revogação de leis consideradas LGBTfóbicas e o fim da omissão do Legislativo diante da falta de políticas de inclusão, saúde e cidadania.
Vênus Pereira, presidenta da ADRC e coordenadora de produção do evento, explica que o tema do evento se repete pelo segundo ano consecutivo, porque os retrocessos de direitos têm se agravado para a população no município. Entre eles está o veto do prefeito Rodrigo Borges (Republicanos), mantido pela Câmara Municipal, que anulou projeto que revogava a lei contra o ensino sobre gênero, chamado de “doutrinação” nas escolas públicas e privadas do município. A anulação da a norma foi resultado de intermediação do Ministério Público Estadual (MPES), que a considerou inconstitucional e discriminatória. Com a derrubada, a restrição voltou a vigorar.
Outro projeto que preocupa o movimento pretende proibir a participação de menores de idade em manifestações e paradas LGBTQIAPN+. “Essa lei pode voltar a ser votada a qualquer hora. A justificativa usada fala sobre apologia ao uso de drogas e exposição a conteúdo sexual. Nós rebatemos, porque isso também acontece no Carnaval e está tudo bem os pais levarem seus filhos para ver mulheres seminuas na avenida. Mas quando é sobre a nossa população, o problema não é o conteúdo, é quem está no corpo da rua”, critica Vênus.

Além das medidas restritivas, a presidente da ADRC alerta para a falta de iniciativas que garantam direitos básicos à população LGBTI+. “Uma preocupação nossa também é a falta de projetos e de pautas voltadas para essa população aqui em Guarapari, para garantir política pública, de inclusão, de acesso a direitos básicos”, avalia.
A ausência de políticas públicas, segundo Vênus, impacta diretamente o direito à cidade e à segurança da população LGBTI+. “A falta de inclusão e o acesso negado diariamente aqui na cidade trazem medo. E falar de forma negligente sobre a população LGBT, reforça ainda mais as violências e os discursos de ódio”, observa.
Ela destaca que o manifesto tem se consolidado como o maior movimento público da região que coloca a pauta em discussão, em defesa da diversidade, unindo arte, denúncia e resistência política. “O Manifesto é um grito político e cultural em que a população LGBTI+ de Guarapari ocupa a cidade para mostrar que nós existimos, votamos e exigimos políticas públicas. A arte é a nossa forma de protestar e transformar”, considera.

A edição deste ano trará apresentações artísticas de várias linguagens e destaque para a participação da performer Lunna Montty, de Salvador, que traz ao palco a mistura do funk baiano e da cultura ballroom. O evento contará ainda com intérpretes de Libras, áreas adaptadas para pessoas com deficiência e arrecadação de alimentos destinados à Associação Crescer com Viver, que apoia famílias em vulnerabilidade no bairro Adalberto Simão Nader. “Vai ser muito bom ter a participação de todo mundo nessa luta, porque o Manifesto não é uma simples festa. Estaremos ali curtindo, mas também cobrando do poder público o que é nosso por direito”, conclui Vênus.
O evento é realizado com recursos do Funcultura, do Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e Secretaria de Estado De Direitos Humanos (Sedh), em parceria com o Ministério da Cultura, dentro da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), e conta com patrocínio da empresa Caju Marketing Estratégico e produção da GAG Produções Criativas.
Serviço:
9º Manifesto LGBTI+ de Guarapari
Domingo, 11 de janeiro, 14h
Centro da cidade

