My Magical Glowing Lens provoca uma viagem sonora
As lentes mágicas de Gabriela Deptulski convertem o som em imagem. Com uma voz sussurrada que se mistura aos chiados e uma guitarra distorcida, Gabriela consegue criar uma atmosfera etérea com as músicas do seu despretensioso projeto musical. My Magical Glowing Lens é uma “banda de uma mulher só”, como a própria realizadora define.
Gabriela produziu as quatro faixas do seu EP, lançado no final de 2013, sozinha em sua casa, com ajuda apenas do notebook, alguns pedais e programas de edição. A primeira faixa, Dreaming Pool, ganhou até um videoclipe também produzido de forma simples com imagens da internet, mas que traduz muito bem o conceito do My Magical Glowing Lens. Imagem e som que se combinam e te transportam para um universo onírico e sinestésico.
Esse pequeno EP experimental, que vem chamando atenção de alguns críticos musicais brasileiros, nasceu no interior do Espírito Santo, em Colatina. O que fez a música de Gabriela se destacar é o seu caráter universal, as batidas eletrônicas e o clima psicodélico fazem das 4 faixas do EP uma trilha sonora para uma viagem espacial.
O disco foi produzido de forma artesanal e isso é percebido na estética lo-fi e intimista das canções. Mas o chiado e a microfonia dão um charme especial e servem para compor as diversas camadas de som, chias de detalhes e nuances. My Magical Glowing Lens lembra às vezes a suavidade de Cat Power, os ruídos do Sonic Youth e, claro, a psicodelia do Pink Floyd.
As letras falam de vazio e de solidão, mas sem a angústia e a melancolia que geralmente esses temas carregam. Gabriela Deptulski canta na faixa I Will Never Find que ela não irá encontrar nada e que isso é legal. Afinal, esse nada pode ser tudo.
My Magical Glowing Lens, apesar das poucas faixas, é um projeto intrigante e sedutor produzido com poucos recursos, mas muita criatividade. Uma pequena mostra de um futuro álbum.
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