Mais: repertório e origem do espetáculo; álbum de Lets; e homenagem a Lula Rocha
Há 10 anos a cantora Monique Rocha subiu ao palco pela primeira vez para apresentar o espetáculo O Canto da Guerreira – Homenagem a Clara Nunes, no qual rememora a vida e obra da artista que se tornou um dos grandes nomes do samba e morreu precocemente, aos 41 anos, em 1983. Para comemorar o aniversário de 10 anos do espetáculo, Monique Rocha sobe ao palco novamente para uma apresentação única este ano, no dia 23 de agosto, sábado, às 19h, no Teatro do Sesi, em Jardim da Penha.

Os ingressos são vendidos por R$ 40,00 a inteira e R$ 20,00 a meia, neste link. Monique Rocha assina o roteiro do espetáculo, no qual vai intercalar números musicais com passagens da vida de Clara Nunes. A cantora conta com duas convidadas especiais: Luisa Monteiro, que é atual rainha do Carnaval, e Duda Lima, a qual classifica como um dos “grandes nomes do Carnaval capixaba”, tendo sido rainha da festividade. O espetáculo terá, ainda, a participação de baianas de escola de samba.
Repertório
O repertório de O Canto da Guerreira conta com 20 músicas. Monique relata que, para o roteiro do espetáculo, pesquisou a trajetória de Clara Nunes, traçando uma linha cronológica do início da carreira até a morte da cantora, destacando os momentos mais marcantes. A música Ê, baiana, segundo Monique, marca o momento no qual Clara Nunes começou a se vestir de branco. Já a música Menino Deus, a primeira de Paulo César Pinheiro a ser gravada pela artista, a presença do compositor na vida de Clara, que veio a ser sua esposa depois.
‘Em grande estilo’
Monique afirma que, para a comemoração de 10 anos, queria fazer algo “em grande estilo”. Por isso, escolheu um teatro, já que O Canto da Guerreira nasceu no teatro. Ela recorda que já se apresentou em lugares como o Carlos Gomes, mas também em barzinhos e quadras de escola de samba, como a Piedade, do Centro de Vitória, e Mocidade Unidade da Glória (MUG), em Vila Velha. Fora do Espírito Santo, Monique levou O Canto da Guerreira para o Rio de Janeiro, se apresentando no Sesc de Jacarepaguá e no bar Vaca Atolada, na Lapa, a pedido do proprietário, um portelense, assim como Clara Nunes.
Encontro
Monique recorda sua experiência no Vaca Atolada. “Cheguei lá para tomar cerveja, falei do meu trabalho e o dono do bar me convidou”, lembra. Foi lá que Monique Rocha conheceu Toninho Nascimento, considerado um dos compositores preferidos de Clara Nunes. Ele compôs alguns dos maiores sucessos da sambista, como A deusa dos orixás, do álbum Claridade, e Senhora das Candeias, do LP As forças da natureza.
Como tudo começou

Ao contrário do que muitos podem imaginar, Monique Rocha não era fã de Clara Nunes antes de O Canto da Guerreira. Até então, sua preferência era por sambas das décadas de 1930 e 1950. Contudo, vários fatores a motivaram a pesquisar sobre a artista e a fazer a homenagem. Um deles foram as pessoas que diziam que ela parecia com Clara Nunes cantando. “Um dia, me apresentando na Rua Sete [Centro de Vitória], uma pessoa desceu de um dos prédios para me dizer que achou minha voz parecida com a dela”. Ela recorda, ainda, o dia em que foi questionada se ela era a cantora que fazia homenagem a Clara Nunes, antes mesmo de pensar em criar o espetáculo. “Pensei: é um sinal”, afirma. E assim nasceu O Canto da Guerreira.
Herivelto Martins
Monique relata que gosta muito de história, em especial história dos artistas e do samba. Ela recorda que também é atriz, que veio do teatro e, em 2012, fez uma homenagem ao compositor Herivelto Martins. Foi um espetáculo musical com bailarinos, apresentado em frente ao Museu Capixaba do Negro (Mucane). Herivelto compôs músicas gravadas por grandes artistas, como Aracy de Almeida, Sílvio Caldas, Aurora Miranda, Carmen Miranda e Nelson Gonçalves.
Álbum autoral

Com 20 anos de carreira, o cantor e compositor Lets chega ao primeiro álbum autoral apresentando um mosaico de ritmos e sons que moldaram a sua formação musical. Intitulado Esfera, o álbum terá lançamento nas plataformas digitais, no dia 11 de agosto, com 11 composições que percorrem gêneros como o samba, congo, forró, baião, rhythm and blues, jazz e baladas.
Componente religioso
De acordo com o cantor, quem ouvir as 11 faixas do álbum vai perceber um componente religioso na temática das canções. Adepto da Cabula – religião afro-capixaba com forte presença na região do Sapê do Norte – Lets conta que Esfera representa uma ode a Exu, orixá cultuado nas religiões de matrizes africanas, e que atua como mensageiro entre os seres humanos e as divindades. “Exu, em iorubá, significa esfera, que é uma alusão ao movimento desse orixá que abre os caminhos, que está sempre se movimentando, sempre em sincronicidade. Como se trata do meu primeiro disco, quis fazer algo simbólico, uma oferenda musical dedicada a Exu”, revela Lets.
Homenagem a Lula Rocha

A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) inaugura nesta segunda-feira (11), às 17h, um painel em sua sede, na Ufes, campus de Goiabeiras, com a pintura de Lula Rocha, militante dos direitos humanos que morreu em 2021, aos 36 anos. A obra de arte é de autoria do artista Luhan Gaba. Ele já havia pintado um em homenagem ao ativista na Vila Rubim, mas a pintura foi destruída pela Prefeitura de Vitória em 2023 durante uma demolição realizada no local. Além da inauguração do painel, haverá exposição fotográfica.
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