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O que há de novo no cineclubismo no Espírito Santo

Mais: cineclubes Lupa, Sétima Casa e Contestado; e nova gestão da OCCa

Nos dias 11,12 e 13 de julho aconteceu, na Casa Caipora, no Centro de Vitória, o 7º Encontro Estadual de Cineclubes. Foram três dias de debates e formações, com resgate da história do cineclubismo no Brasil e no Espírito Santo; elaboração do manifesto dos cineclubes capixabas; eleição da nova diretoria da Organização dos Cineclubes Capixabas (OCCa), organizadora do evento; e uma prova de que o cineclubismo no Espírito Santo está vivo, cheio de novidades e novas pessoas dispostas a tocar o movimento para frente.

Isso ficou visível com a participação de cineclubes recém-criados, como o Lupa, de Guarapari; Sétima Casa, de Vila Velha; e Contestado, de Ecoporanga (noroeste do Estado), que puderam puderam fazer uma troca de experiências com cineclubes já de longa trajetória, como o Colorado, de Cariacica; El Caracol, de Vitória; e Jece Valadão, de Cachoeiro de Itapemirim (sul). Além, é claro, da presença de grandes figuras do cineclubismo capixaba, como Marcos Valério, Claudino de Jesus e Tião Xará.

Lupa Cineclube

Coordenado por Janaina Scal Duia Castello, do Coletivo Feminista Mulheres que Lutam, de Guarapari, o Lupa Cineclube inicia suas atividades no dia 20 de agosto, às 19h30. Um diferencial do cineclube é que suas exibições serão virtuais, por meio do Jitsi, uma plataforma livre de reuniões sem limitação de tempo. A obra a ser exibida ainda não está definida, mas a temática da sessão será o que é cineclubismo. Já está confirmada a participação da nova vice-presidente da OCCa, Eliane Correa.

Facilidade de acesso

Janaina relata que a opção pelo virtual foi impulsionada pela necessidade de proporcionar facilidade de acesso para as pessoas. “Gosto da ideia de uma pessoa chegar do trabalho, comer alguma coisa e relaxar vendo um filme. No presencial fica difícil para as pessoas que moram longe, ter que se preocupar com o horário para sair”, diz. Outra motivação, afirma, é a questão financeira, já que o investimento inicial é praticamente zero, pois precisa só de internet, não havendo necessidade de equipamentos, como datashow.

Sétima Casa

O cineclube Sétima Casa tem sede oficial na Academia de Letras de Vila Velha, mas sua proposta é ser itinerante. Foi criado em 2024, mas suas primeiras exibições começaram em janeiro. Desde então, foram feitas sete sessões em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e uma na Academia de Letras. No próximo dia 26, haverá uma nova sessão na Academia, com as obras Waldo, Waldeusa, Jeowalda, com direção de Fabricio Fernandez e Diego Nunes, e Tangerina, de Lorena Lima.

Busca por espaço

Demetrius Julice

A coordenadora executiva do cineclube Sétima Casa, Lorena Bragança, relata que o cineclube surgiu diante da vontade de um grupo de artistas de ter um espaço para exibição de suas obras. “A gente tem filme, tem curta, e sentia que não tinha espaço, mas é um cineclube bem aberto, queremos abordar vários temas”, afirma. O nome, explica, vem do fato de o cinema ser a sétima arte. A palavra casa vem da parceria com a Academia de Letras, “um lugar acolhedor, uma casa para as pessoas que já fazem atividades lá, a casa da sétima arte, um lugar aconchegante”.

Contestado

O cineclube de Ecoporanga é coordenado por Vander Costa, que tomou como algumas referências para a nova empreitada a experiência de outros cineclubes, como El Caracol, de Vitória, e cineclubes Ambiental e Colorado, de Cariacica. Ano passado, Vander foi morar em Cotaxé e soube que uma amiga tinha datashow e computador, e resolveu criar o cineclube, já que ele tinha a caixa de som. “Era material suficiente para fazer as exibições”, conta. Vander afirma que o Cineclube Contestado pode ser um instrumento para fazer a comunidade entrar em contato com sua história, traçando paralelo com outras lutas camponesas, uma das marcas da região, mas sem esquecer outros debates, como a questão indígena e a luta das mulheres.

‘Chave de ouro’

Vitor Miguel

O 7º Encontro Estadual de Cineclubes foi realizado após sete anos da última edição. Para Lucas Schuina, repórter do Século Diário e integrante do cineclube Jece Valadão, de Cachoeiro, a última gestão da OCCa, a qual presidiu e encerrou no dia 13 de julho, termina o mandato com “chave de ouro”. “Chegamos à gestão da OCCa num período de transição, pós-pandemia. Muita gente que compôs o movimento cineclubista nos últimos anos estava de saída, seja por conta de mudança de Estado ou por motivos pessoais. Por isso, elegemos uma diretoria provisória em 2023. Algumas questões importantes ficaram pendentes, como a regularização do CNPJ, mas creio que alcançamos o principal, que era promover a renovação de quadros do movimento”, avalia.

Expectativas

Vitor Miguel

Quem agora está à frente da OCCa é Fabiola Mozine, do Cine Por Elas. De acordo com ela, a expectativa é fortalecer e divulgar o trabalhos dos mais de 40 cineclubes filiados à organização, assim como “mapear e abraçar os novos cineclubes que nascem e os que ainda não estão em nossa rede”. “Queremos fazer um gestão com foco na diversidade e na acessibilidade. E principalmente divulgar onde estamos presentes e o trabalho tão importante de agentes culturais que os cineclubes desempenham em suas comunidades, muitas vezes sem nenhum equipamento de cinema”, enfatiza.

Mais

A nova gestão, prossegue Fabiola, também quer estar mais presente no debate com as entidades para o reconhecimento do cineclubismo na cadeia do audiovisual e tentar reverter os cortes ocorridos nos editais de Difusão Audiovisual da Secretaria Estadual de Cultura do Espírito Santo (Secult), já que houve redução do número de projetos aprovados. “Entendemos que somos muito mais do que difusores de audiovisual, somos agentes culturais. Somos mais que exibição e debate. Somos formação, produção, resistência e cuidado com as identidades locais”, defende.

Até a próxima coluna!

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