Mais: debate sobre cultura bantu; espetáculo indígena; e oficina de fantasia
O grupo Barra de Renda, das rendeiras de bilro da Barra do Jucu, em Vila Velha, lançou um ponto de memória virtual para registrar a história de diversas mulheres que se dedicam a essa prática no Espírito Santo. O ponto de memória, disponível neste link, começa com a trajetória de Dona Bernardina, considerada a pioneira no Estado, e chega até os dias atuais.

O ponto de memória passa por ações marcantes na história da renda de bilro no Espírito Santo e das rendeiras, como as conquistas dessas mulheres, entre elas a criação do Dia Municipal da Rendeira de Bilro, comemorado em 20 de julho, em Vila Velha, e as atividades de preservação que vão além do fazer em si, passando pelo diálogo entre as rendeiras e as comunidade, como as atividades realizadas em escolas.
Barra do Jucu e Guarapari
A coordenadora do Grupo Barra de Renda, Regina Maria Ruschi, afirma que o projeto se concentra, principalmente, no resgate da história das rendeiras da Barra do Jucu, em Vila Velha, e de Meaípe, em Guarapari. Essas comunidades, de acordo com ela, foram grandes polos na confecção de rendas artesanais e sofreram os impactos do avanço da indústria têxtil.
Salvaguardar memórias
“É muito importante salvaguardar essas memórias, registrar as técnicas e instrumentos utilizados ao longo dos tempos, mas também mostrar as mulheres que foram mestras no passado, e que mais do que dominar a arte da renda manual, contribuíam muito para um modo de vida próprio nestas comunidades, na economia doméstica, e que devem ser motivo de muito orgulho para as gerações atuais e futuras”, afirma Regina.
Primeiro registro

O primeiro relato sobre a presença de rendeiras de bilro no Espírito Santo é feito pelo francês Auguste François Biard, que visitou o Estado entre 1798 e 1882. No livro Dois Anos de Brasil, o francês registra que encontrou mulheres fazendo renda em aldeias indígenas de Santa Cruz, em Aracruz. A existência de rendeiras de bilro também é registrada no livro Nossa Vida no Brasil: imigração norte-americana no Espírito Santo entre 1867 e 1870, da escritora Julia Louisa Keyes.
Espetáculo indígena em Vitória

O espetáculo Kunhataimbaba, do grupo Curumins Guerreiros Caieiras Velha, estreia nesta terça-feira (11), às 19h, no Teatro do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), em Vitória. A apresentação, gratuita, mostra um momento ritual das mulheres guerreiras, que desde a infância até a maturidade aprendem sobre o papel de guardiãs das tradições e dos saberes de seu povo. A obra reafirma o protagonismo feminino indígena e traduz, por meio da dança, a transmissão de valores ancestrais, o respeito à natureza e a espiritualidade coletiva.
Valorização da cultura
O maior objetivo do espetáculo é a valorização da cultura e da identidade dos povos indígenas do Espírito Santo, além do fortalecimento a educação intercultural e ampliação do protagonismo indígena nas artes cênicas. Os figurinos são confeccionados artesanalmente com imbirema, sementes e pigmentos naturais, reforçando a conexão com a terra e com os elementos da natureza. A cenografia remete às aldeias indígenas, enquanto a iluminação evoca o nascer e o pôr do sol — momentos sagrados na cosmologia Tupinikim. A trilha sonora é composta por cantos e instrumentos tradicionais.
Direção

A direção da peça é de Salvador Pinto Pereira, o Mestre Mizinho, reconhecido como Mestre da Cultura Capixaba em 2023. Ele nasceu em Linhares, no norte do Estado, e vive desde a infância na Aldeia Caieiras Velha, território Tupinikim e Guarani de Aracruz. À frente do grupo Curumins Guerreiros de Caieiras Velha, criado em 1982, ele se dedica há mais de quatro décadas à formação de crianças e jovens indígenas, transmitindo saberes, danças e rituais que fortalecem a identidade e a coletividade de seu povo.
Oficina de Fantasia de Carnaval
A Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold) realiza, nos próximos dias 14,15 e 16, em sua sede, no Centro de Vitória, a Oficina de Fantasia de Carnaval, em parceria com a Escola de Samba Imperatriz do Forte. A iniciativa busca capacitar o público interessado em Carnaval, arte e sustentabilidade na reutilização e reciclagem de fantasias, estimulando o empreendedorismo criativo e a valorização da cultura popular. No primeiro dia, haverá uma mesa de abertura e palestra, das 19h às 22h. No segundo e terceiro dias, as oficinas acontecem das 9h às 17h. As inscrições são gratuitas.
Cultura Bantu na Thelema
A cultura bantu é tema de debate no Prosas Literárias, nesta terça-feira (11), às 19h30, no Espaço Thelema, Centro de Vitória. O debatedor será o Mestre de Congo e pesquisador Renato Santos, que levará como base para a discussão dois textos de sua autoria publicados no livro da exposição Sete Caminhos do Maes ao Quintal Bantu, realizada nos anos de 2022 e 2023: A maldição do mundo dos mortos e O caminho das grandes águas.
Cultura Bantu na Thelema II
O primeiro texto trata da iniciativa de Zambi de criar um equilíbrio entre o mundo dos vivos e o dos mortos. O outro, da conexão feita por Dandalunda, dona das águas, entre os bantus de Vitória e Angola Congo, uma vez que, de acordo com Renato, as águas da Grande Vitória são consagradas e Dandalunda.
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