Termo formalizado pelo MPES define vistorias do Crea nos casarões do sítio histórico
A Prefeitura de São Mateus, no norte do Estado, vai realizar uma reunião sobre o sítio histórico do porto do município nesta quinta-feira (10), às 15h, na Casa da Cultura. O encontro foi marcado após a assinatura de um Termo de Cooperação Técnica entre o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) e a gestão de Marcus da Cozivip (Podemos), formalizado pelo Ministério Público do Estado (MPES).
Com a assinatura, efetivada nessa segunda (7), 15 engenheiros indicados pelo Crea farão vistorias nos casarões do sítio histórico do Porto de São Mateus, entre os dia 21 de julho e 5 de agosto. Conforme consta no documento, entre as propostas estão a realização de laudos de avaliação de riscos estruturais, elétricos, geológicos, de sistemas hidráulicos e de fundação; e elaboração de projetos que apresentem soluções prévias referente às estruturas dos imóveis e suas proximidades, para melhorias das estruturas.

Há, ainda, após a conclusão dos trabalhos, a previsão de uma audiência pública a ser realizada pelo MPES para apresentação dos resultados para a comunidade e para os órgãos responsáveis pela preservação do patrimônio histórico. A expectativa, segundo o órgão ministerial, é que os dados técnicos subsidiem a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) na elaboração e execução de projetos de restauração.
O Conselho Municipal de Cultura, no entanto, aponta falta de diálogo por parte da gestão municipal. O presidente do colegiado, Adriano Maia dos Santos, informa que o conselho vai procurar conhecer o teor do documento para fazer os apontamentos necessários. O primeiro passo, relata, será participando da reunião desta quinta, para a qual o colegiado não foi comunicado oficialmente e tomou ciência apenas quando uma de suas integrantes viu o material de divulgação nas redes sociais.
O ator e dramaturgo Oscar Ferreira, titular da cadeira de Artes Cênicas no conselho, acredita que iniciativas que vão ao encontro da restauração e revitalização do sítio histórico são importantes. “Além da capacidade de recuperação, porém, é preciso pensar na capacidade de ocupação. O que vai ser feito de forma concreta, no sentido de fazer com que a comunidade tenha uma relação de pertencimento com o local, é uma das questões que ele levará para o debate.
Uma das propostas do artista é a realização de atividades de formação cultural integradas à cadeia produtiva do turismo. Ele sugere formações na área do cinema, com cursos como os de carpintaria, edição e maquiagem, gerando mão de obra. “As produções cinematográficas podem vir para cá, contribuindo com a ocupação, qualidade, geração de emprego e renda, e barateia o custo de produção das obras audiovisuais, aproveitando mão de obra local”, destaca.
De acordo com Oscar, na restauração feita no ano passado, o local melhorou em termos de acessibilidade. Contudo, “podia ter sido uma coisa mais ligada à tradição, não chegar lá e jogar placas de granito, com uma certa descaracterização do patrimônio. Essas coisas acontecem porque não há um processo de escuta. A comunidade não se faz presente, pois está sempre relegada a um plano discriminatório”, diz.
Ele recorda que o Porto de São Mateus foi palco de peças que faziam parte do Festival Nacional de Teatro, mas são ações que não têm continuidade, pois “a municipalidade não consegue colocar uma política pública de cultura e ocupação contínua. Os casarões ficam jogados, as pessoas invadem, ocupam. É um sítio histórico que parece uma joia, um negócio cravado dentro da cidade, maravilhoso, se deteriorando”, lamenta.