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Projeto celebra tradição e resistência das jongueiras de Itaúnas

Documentário e exposição homenageiam mulheres que mantêm viva a tradição local

Secult

“Saberes das Jongueiras de Itaúnas” é o nome do projeto que será lançado na próxima quarta-feira (19), na vila tradicional localizada em Conceição da Barra, no norte do Estado. A iniciativa engloba um documentário e uma exposição fotográfica, que resgatam a história, a força e a ancestralidade das dançadeiras e tocadeiras de jongo.

O projeto documenta e homenageia as jongueiras, que mantêm viva uma tradição centenária, passada de geração em geração desde a antiga Vila de Itaúnas, soterrada pelas dunas, mas preservada na memória e nas manifestações culturais de seu povo. São relatos que atravessam quase cem anos de história, entre cantos, tambores e passos que ecoam a resistência afro-brasileira e a memória afetiva de um povo.

Durante o processo, foram realizadas entrevistas com as senhoras jongueiras, nascidas ou filhas de moradores da Itaúnas velha, além das jovens jongueiras que seguem os ensinamentos dessas mestras da cultura popular. Esses depoimentos compõem o filme, que apresenta não apenas as lembranças e vivências das protagonistas, mas também suas relações sociais, afetivas e culturais, além das influências ancestrais que moldaram o jongo como expressão de resistência e pertencimento.

A exposição fotográfica que acompanha a exibição do documentário reúne uma coletânea de doações fotográficas, registros antigos e atuais das mestras e da comunidade, compondo um inventário visual e afetivo do jongo em Itaúnas. As imagens ilustram as narrativas contadas no audiovisual e formam um acervo que reforça a importância do registro físico desse patrimônio imaterial.

A fotógrafa e curadora Luma Rossi destaca que o levantamento das imagens se consolidou como um dos maiores desafios do projeto. “Foi difícil encontrar registros das jongueiras, mesmo em acervos profissionais. Essa ausência evidencia o apagamento histórico das mulheres na cultura”, avalia.

Ela acrescenta que a curadoria também identificou outras senhoras jongueiras sexagenárias, mas não foi possível incluí-las no plano de trabalho, devido ao prazo de entrega. No entanto, afirma, a equipe do projeto já estuda uma segunda edição para contemplar essas mulheres e outras comunidades do Sapê do Norte, território quilombola que agrega Conceição da Barra e o município vizinho de São Mateus.

Para a produtora cultural e idealizadora do projeto, Valéria Demoner, dar visibilidade às mulheres que mantêm viva essa tradição afirma o caráter político e transformador da iniciativa. “Queremos jogar luz e dar voz a essas verdadeiras mestras da arte do jongo. É também um projeto feminista, porque parte da escuta e da valorização das mulheres – suas histórias, saberes e forças que por tanto tempo foram silenciadas. Mais do que narrar a história das jongueiras, o projeto propõe homenageá-las e reconhecer o protagonismo feminino na cultura popular, evidenciando suas participações e influências em toda essa trajetória”, enfatiza.

Além de Luma e Valéria, a equipe do projeto é composta por Francinne Poletti e Paula Rodrigues, coordenadoras; Daniella Cals, pesquisa pré-produção; e Verônica Santos, Mariana  Albuquerque e Ailton Morilao, pesquisa científica. A produção audiovisual é assinada por Yuri Reuter, e a realização da Sociedade Amigos por Itaúnas (Sapi) e Secretaria da Cultura (Secult), por meio de edital de valorização do Patrimônio Cultural, do Fundo Estadual de Cultura do Espírito Santo (Funcultura).

A exibição do documentário e a abertura da exposição acontecem de 17h às 22h, durante o evento “Noite Cultural- Fortalecendo nossa ancestralidade”, uma noite de apresentações da cultura local realizada pela Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Benônio Falcão de Gouveia. A entrada é gratuita.

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