Demandas da categoria à gestão de Fabricio Noronha foram reiteradas em reunião
Realizadores, produtores e entidades da área audiovisual capixaba reforçaram a cobrança à Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult) nesta terça-feira (8), pelo retorno de editais voltados ao desenvolvimento de roteiros e projetos. O encontro marcou uma rodada de diálogo com representantes do setor em reunião aberta no auditório do HubES+, na Praça Costa Pereira, Centro de Vitória, e teve como objetivo ouvir as demandas da classe e contribuir para o aperfeiçoamento das ferramentas de fomento ao audiovisual no Estado – especialmente na construção do plano de ação voltado ao Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
O Espírito Santo pode pleitear ao Ministério da Cultura até R$ 30 milhões, destinados ao fortalecimento da cadeia produtiva audiovisual. Para isso, é preciso que o Estado elabore um plano de ação até o início de agosto, o que reforça a urgência de um cronograma de reuniões e escuta pública, ressalta o presidente da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas do Espírito Santo (ABD Capixaba), Jussan Silva. “Defendemos a retomada dessas linhas. Isso foi perdido nos últimos editais, e estamos alertando sobre a importância de contemplar todas as etapas da cadeia produtiva do audiovisual”, explicou.
Ele destaca que a categoria tem criticado a ausência de escuta por parte da pasta sob gestão de Fabricio Noronha e pressionado por uma maior participação na elaboração das políticas culturais, por meio da realização de um debate estruturado com a classe antes da formulação dos editais de fomento. Além disso, o setor cobra maior transparência nos critérios utilizados pela Secult para a formulação dos editais. O encontro do realizado com Carolina Ruas, subsecretária de Políticas Culturais, e Maria Thereza Bosi, subsecretária de Fomento e Incentivo à Cultura.
Segundo os realizadores, a secretaria alega que as decisões são tomadas com base em dados, mas não os apresenta para a sociedade civil. “O que estamos pleiteando é mais abertura e clareza. A secretaria diz que se baseia em dados, mas não aponta quais são. Queremos colaborar, mas precisamos ter acesso às informações”, pontuou.

A ABD Capixaba defende que a proposta da Secult precisa contemplar de forma equilibrada todas as áreas do setor, incluindo produção, difusão, formação, games, memória e preservação. “Temos acompanhado tudo de perto. Ainda é um processo em construção, mas é essencial que a política desenhada atenda às entidades e que a Secult dialogue com o setor como um todo”, disse Jussan. Ele afirma que o risco é de que os recursos sejam mal distribuídos ou destinados de forma desproporcional, sem responder às reais necessidades da cadeia produtiva.
A ausência de escuta ativa por parte da Secult já havia sido denunciada pela ABD Capixaba em fevereiro deste ano, após o lançamento dos editais do Funcultura 2024. Em nota pública, a associação criticou a falta de diálogo e a exclusão de propostas apresentadas em dezembro de 2023, como a reserva de linhas específicas para desenvolvimento e a revisão de critérios de elegibilidade para proponentes em longas-metragens.
Na época, o presidente da ABD Capixaba afirmou que os questionamentos da entidade sequer haviam sido encaminhados ao Conselho Estadual de Cultura, espaço previsto para a interlocução com a sociedade civil. Ainda que a Secult tenha publicado uma errata corrigindo dois pontos — incluindo a reserva de 50% das vagas para proponentes estreantes apenas na linha de curtas e a elegibilidade de diretores sem obras em execução —, as demais solicitações seguiram sem resposta.